Aconcágua, o destino de alta montanha da América do Sul

Todos os anos, montanhistas do mundo todo partem em busca de uma realização: alcançar o cume do Aconcágua. A montanha mais alta fora da Ásia, patrimônio da América do Sul, é a segunda da lista do circuito dos sete cumes, ficando atrás somente do Monte Everest.

Chegar a uma altitude de quase 7 mil metros é um grande desafio e exige disposição. Neste guia, abordaremos como deve ser a sua preparação física, quais as habilidades técnicas e os equipamentos necessários para chegar ao cume do Aconcágua, além de dicas de sustentabilidade para a preservação da região. Mostraremos também como escolher a melhor expedição para que você tenha uma experiência transformadora de alta montanha.

O Aconcágua: um gigante das Américas

Informações técnicas:

Local: o Parque Provincial Aconcágua fica a 180 km de Mendoza, na Argentina
Altitude: 6.961 m
Modalidades: trekking e escalada
Clima: árido
Nível: a rota normal não exige conhecimentos técnicos aprofundados, mas a exposição à altitude requer preparo físico e mental
Temporada: entre 15 de novembro e 15 de fevereiro
Documentação: é necessário obter a autorização de escalada ou trekking (dependendo da atividade), emitida pelo Parque Provincial Aconcágua, além da contratação de seguro internacional com cobertura para evacuação por helicóptero.

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Cume do Aconcágua - Fernanda May
Cume do Aconcágua – Foto: Fernanda May

As rotas do Aconcágua

A rota mais difundida de ascensão é a noroeste, opção voltada ao trekking, mas há ainda duas possibilidades oferecidas por agências como a Grajales Expeditions, primeira empresa a obter a licença para fornecer serviços no Aconcágua, e parceira do Gear Tips Club:

  • Rota Normal: por ser a mais popular, o percurso conta com maior número de expedicionários na alta temporada. É realizada via Vale de Horcones.
  • Rota Travessia Polacos: também conhecida como “360”, com início pelo Vale de Vacas e término pelo Vale de Horcones, ela oferece uma visão panorâmica, sendo seu percurso menos congestionado em comparação à rota normal.
  • Rota do Glaciar Polacos: conhecida como “La Directa” do Glaciar Polacos, é uma rota que requer conhecimento de trânsito glacial e manejo de cordas. Percurso ideal para quem tem habilidade técnica e espírito explorador.


Belezas de uma expedição ao Aconcágua

A emblemática chegada ao cume do Aconcágua é bastante aguardada pelos expedicionários, porém, durante todo o percurso, o Parque Provincial Aconcágua oferece ainda belezas deslumbrantes, como o enquadramento do sol ao nascer e se pôr entre as diversas montanhas, e o Aconcágua sempre ao fundo.

Fernanda May, montanhista e médica do esporte, foi ao Aconcágua em 2018 com uma agência de viagens. Ela conta que a paisagem árida se difere dos outros trekkings de aproximação para alta montanha, onde normalmente avista-se bastante vegetação. “O que mais surpreende no visual são as montanhas ao redor e a vista do Aconcágua.”

Nascer e pôr do sol

Entre os pontos altos do destino, Fernanda destaca como uma experiência inesquecível o nascer e o pôr do sol em Nido de Condores, onde está localizado o segundo acampamento, e onde as rotas se encontram. “Na temporada em que fui para o Aconcágua, era só neve, e a luz do sol refletia nela formando uma vista deslumbrante. De lá, é possível avistar também toda a rota de subida para o cume.”

Nascer do sol em Nido de Condores - Bruno Alvarenga
Foto: Bruno Alvarenga

Plaza de Mulas

O trekking em direção a Plaza de Mulas contempla 18 km em um vale árido, sem muita paisagem. Porém, sua chegada se torna emblemática pela vista tomada por barracas e pela visão 360 graus que engloba o Aconcágua, o Cerro Bonete e outras montanhas do entorno.

Bruno Alvarenga - Campo Base- Plaza de Mulas
Foto: Bruno Alvarenga

Manu Bustelo, da Grajales Expeditions, destaca ainda a riqueza cultural e local da galeria de arte de Miguel Doura, instalada em uma tenda na Plaza de Mulas, eleita pelo Guiness World Records como a mais galeria de arte contemporânea do mundo.

Plaza Francia

Da Plaza Francia, local utilizado pelas agências para aclimatação, é possível avistar a montanha por outra face. A vista e a paisagem a partir do vale são deslumbrantes, segundo Fernanda.

Plaza Francia - Aconcágua - Foto: Fernanda May
Plaza Francia – Foto: Fernanda May

Aclimatação: o principal desafio da escalada do Aconcágua

“Quanto mais experiências em altitude você tem, mais você entende como o seu corpo funciona e utiliza estratégias para melhorar.”
Fernanda May, atleta de alta montanha e médica do esporte

Lidar com a falta de oxigênio devido à altitude é um dos maiores desafios da alta montanha. Por isso, durante a expedição, as agências realizam um processo de adaptação com os caminhantes, logo no início da jornada, para que cheguem mais confortáveis ao destino principal: o cume do Aconcágua. A preparação é feita ao subir o mais alto possível e descer o mesmo percurso para a noite de sono, em altitude já aclimatada pelo organismo.

Segundo Fernanda May, mesmo que as expedições ofereçam técnicas eficientes para que os visitantes se adaptem à exposição em um cenário hostil, a aclimatação é pessoal, e cada um reage de uma forma. “A aclimatação é uma loteria. Algumas pessoas, geneticamente, têm mais facilidade para se aclimatar, outras nem tanto. Os guias de expedição consideram uma média de tempo que geralmente as pessoas levam para se aclimatar a cada montanha, considerando a altitude.”

Como não há formas de preparação para a aclimatação antes da expedição, a montanhista e médica recomenda que as pessoas que farão o Aconcágua tenham experiências anteriores para entender como o seu corpo funciona e para aprender estratégias para melhorar a aclimatação durante a expedição. “O ideal é você ter experiências em montanhas mais baixas, mas sempre acima de 4.000 metros, altitude em que você começa a entender como o seu organismo reage. Geralmente, a maioria dos sintomas de altitude começa entre 3.500 e 4.500 metros.”

Amauri Coutinho, fundador da Latitude 51, guia de montanha desde 2014 e pós-graduado em educação física, destaca que teve bastante dificuldade de aclimatação no Aconcágua por não ter testado previamente a resposta do seu corpo à altitude. “Esse foi o meu maior erro. Não me expus ao ar rarefeito antes, e a partir dos 5.200 metros meu metabolismo parou de funcionar. Recomendo sempre que as pessoas façam montanhas na faixa de 5.000 a 5.500 metros antes do Aconcágua para sentir quais são os efeitos da baixa pressão e do ar rarefeito nessa altitude. Caso contrário, você pode se frustrar e nunca mais querer ter experiências em alta montanha.”

Campo 1 - Canadá - Aconcágua - Foto: Fernanda May
Campo 1 “Plaza Canadá” (5050m) – Aconcágua – Foto: Fernanda May

Um ponto de atenção que todos os viajantes devem ter é respeitar o que os especialistas chamam de prática do repouso ativo, que significa você se manter em movimento de forma comedida para o seu corpo se acostumar aos poucos com a falta de oxigênio. “É comum que ao se sentirem bem em certa altitude, as pessoas queiram, devido à excitação, desbravar o local desconhecido, o que além de fazer com que elas se desgastem, aumenta as chances de ter o mal de atitude, que começa a surgir até o terceiro ou quarto dia”, explica Fernanda.

O que eu posso fazer se demoro para aclimatar?

A especialista explica que neste caso a pessoa tem duas opções: ir para uma montanha um pouco mais baixa antes da expedição para aclimatar e, consequentemente, estar mais preparada, ou contratar um guia individual. “As pessoas que têm grande dificuldade de se aclimatar têm grandes chances de se frustrarem em uma expedição não porque são incapazes, mas porque precisam de um pouco mais de tempo para atingir o cume. É importante identificar o que te limita e tentar aprimorar.”

Como se preparar física e mentalmente para o Aconcágua

“O corpo em equilíbrio e bem preparado te trará mais energia e mais facilidade de aclimatação.”
Fernanda May, montanhista e médica do esporte

Se você está planejando uma expedição ao Aconcágua, o primeiro esforço que deve fazer é checar se sua saúde está em dia para enfrentar os desafios que a alta montanha propõe. A médica do esporte Fernanda May orienta que os montanhistas busquem um profissional com pelo menos seis meses de antecedência para garantir que tenham mais eficiência na altitude. “Tenho observado com frequência déficits de vitaminas e ferro nos resultados de exames laboratoriais. É impossível recuperar essas faltas em pouco tempo, mesmo com suplementação, além da alimentação.”

Além dos exames laboratoriais e do teste de esforço, muitas vezes solicitado pelas agências de turismo, a recomendação de Fernanda é a realização do teste ergoespirométrico, que avalia arritmias, problemas cardíacos, o nível de condicionamento físico para a pessoa fazer aquela atividade, assim como a parte respiratória. “O ar frio e seco da alta montanha pode gerar crises de asma e a bronquite de altitude, uma reação inflamatória pulmonar. É preciso ter bastante atenção.”

A especialista ressalta que a preparação para o Aconcágua é um trabalho em equipe, e que o check-up ajudará também a guiar o planejamento de treinos físicos e a alimentação que antecede à incursão. “A partir dos exames, eu posso trabalhar com o preparador físico, por exemplo, uma progressão de treinos para que a pessoa adquira o condicionamento físico adequado para fazer a ascensão ao Aconcágua.”

A consulta com um médico também é importante para indicação de vacinas e medicações a serem levadas. Dessa forma, você será orientado sobre o que pode usar e os procedimentos que pode colocar em prática durante a expedição, caso necessite.

Aconcágua - Foto Bruno Alvarenga
Foto: Bruno Alvarenga

Preparação física para o Aconcágua

O sucesso para atingir o cume de altas montanhas é não negligenciar todos os processos que envolvem esse objetivo, e a preparação física é um deles. Apesar de cada montanha exigir uma preparação específica, todas elas requerem bom condicionamento cardiovascular e muscular para as longas caminhadas, aclives e declives. É necessário ter pernas, costas e abdômen fortes para aguentar os dias de expedição, levando em consideração também o peso da mochila.

Ilan Zeimer, guia líder na Grajales Expeditions que tem 22 anos de experiência (ele guia expedições desde 2002, com 58 cumes bem-sucedidos no Aconcágua), aponta que a falta de preparação é um dos fatores que impedem muitas pessoas de chegar ao cume. “Nesses anos todos guiando no Monte Aconcágua, tenho testemunhado uma tendência surpreendente. Todos os anos, escaladores de todo o mundo e de todos os estilos de vida chegam à América do Sul para enfrentar esse desafio em alta altitude. No entanto, poucos se preparam adequadamente. Muitos são, sem dúvida, indivíduos com boa forma física, mas poucos treinaram especificamente para as demandas únicas de subir por 11 dias em terreno rochoso.”

Fernanda May, que além do cume do Aconcágua, já esteve no Denali, relembra que durante a sua expedição, havia pessoas de vários níveis de conhecimento técnico de montanhismo, mas se recorda que dois integrantes só haviam vivenciado a alta montanha no deserto do Atacama, cenário bem diferente ao encontrado no Aconcágua.

“Eles sofreram do início ao fim, e não conseguiram fazer o cume. Para eles, a experiência, tanto pessoal quanto financeira, foi bastante negativa. Eles tiveram dificuldade para se aclimatar e, por falta de habilidades técnicas, escorregavam bastante no gelo, o que prejudicou a progressão. Por isso, é fundamental buscar informações sobre a temporada, e não menosprezar a atividade. Outras pessoas do meu grupo não conseguiram alcançar o cume devido ao frio, que estava bastante rigoroso e que exigia, portanto, mais esforço, já que não podíamos parar para descansar durante o percurso.”

Reforço cardiovascular e muscular para subir ao Aconcágua

Para garantir sucesso do início ao fim da expedição, Fernanda ressalta que treinos de subidas e descidas são fundamentais para fortalecer os músculos. Segundo ela, manter um condicionamento físico adequado e uma massa muscular robusta ajuda, inclusive, na recuperação mais rápida do corpo após a expedição, evitando que a massa fique abaixo do nível indicado para uma pessoa saudável. “A massa muscular deve ser reforçada, considerando que há perda durante a exposição ao frio intenso e à falta de oxigênio. O metabolismo acelera tanto que entramos em um estado chamado de catabólico, que estimula, principalmente devido ao frio, a quebra de proteína e, consequentemente, a perda muscular.”

Para melhorar sua capacidade aeróbica e cardiovascular para enfrentar a escassez de oxigênio, Amauri Coutinho, que acumula experiências em diversas montanhas, conta que treinou durante um ano na região da Serra Fina, em Passa Quatro, Minas Gerais. Morando em São Paulo, ele viajava para lá dois finais de semana por mês e passava de dois a três dias subindo a Pedra da Mina, quarta montanha mais alta do Brasil, com 2.798 metros de altitude, carregando a mochila pesada nas costas.

Rotina alimentar: o que comer antes e durante a expedição ao Aconcágua

Quem deseja fazer o Aconcágua deve se atentar à alimentação, considerando não somente a duração e a intensidade dos dias de expedição, mas um fator primordial que diferencia o esporte de alta montanha de outras atividades na natureza: a altitude.

Para compensar a falta de oxigênio, os batimentos cardíacos e a respiração passam por um processo de aceleração, o que representa mais consumo de energia, além daquela despendida durante a caminhada e a recuperação de um dia de expedição. “Considerar esse fator no planejamento nutricional é essencial para a preservação da massa muscular, resistência e condicionamento físico”, explica Homero Munaretti, nutricionista especializado em esportes de aventura e montanhista.

Segundo o profissional, o ideal para aumentar a sua chance de fazer o cume do Aconcágua e voltar da expedição com saúde é se planejar com 3 a 4 meses de antecedência. “A nutrição ajuda a potencializar a fase de treino, fornecendo nutrientes para o ganho de músculo e condicionamento físico, assim como minimizar as chances de lesões durante a expedição. Quanto antes você procurar o acompanhamento nutricional, melhor para desenvolver táticas eficientes de alimentação durante a incursão.”

Alimentação pré-expedição

O processo de acompanhamento nutricional para garantir desempenho e preservar o corpo durante a expedição ao Aconcágua segue 4 etapas:

Avaliação prévia

Assim como a orientação médica iniciada por Fernanda May, o atendimento de Homero começa com análise de exames laboratoriais para avaliar não somente sua saúde geral, mas se certificar de que o seu corpo se adaptará à altitude em alta montanha. “Em mulheres, por exemplo, há muitos casos de baixa de ferro, fundamental para a criação de células vermelhas, responsáveis pelo transporte do oxigênio e, consequentemente, para a aclimatação.” A rotina alimentar também é avaliada para corrigir eventuais erros. “Observo que muitas pessoas têm o hábito de consumir menos carboidrato do que o ideal, considerando a carga de treino, o que prejudica o desenvolvimento de fibras musculares e desgasta mais o corpo.”

Fase de adaptação

O segundo passo é adaptar os alimentos de sua preferência de acordo com a disponibilidade oferecida nos locais de alta montanha. “O chá, por exemplo, ajuda a aquecer e hidratar o corpo, mas se você não gosta da bebida, faremos uma adaptação. Whey e barrinhas também são aconselhados, mas precisamos identificar, por exemplo, quais sabores satisfazem o seu paladar.” O objetivo dessa fase, segundo Homero, é fazer descobertas e apresentar táticas que poderão ser aplicadas durante o período de expedição.

Manipulações da dieta

Durante essa etapa, são implementadas técnicas como o aumento do carboidrato por um período, já que ele representa o combustível principal para a expedição em altas montanhas. “Nesse momento, temos que avaliar o seu apetite e como o seu corpo reage ao aumento de pão, macarrão e outros alimentos volumosos.” Aqui, também é observado como o intestino absorve os nutrientes.

Sobrecargas

Mais perto da expedição, cerca de três dias antes, é hora de trabalhar o que Homero chama de sobrecargas de carboidrato para aumentar as reservas do corpo, assim como o fornecimento de proteína e gordura para fazer a manutenção do organismo, e garantir que você chegará ao Aconcágua com o máximo de energia.

Alimentação durante a expedição: saiba o que e quanto consumir

“A alimentação adequada é aquela possível de ser executada o mais próximo possível do ideal para o corpo conseguir passar por todos os processos de estresse, adaptação à altitude e à exposição ao frio.”
Homero Munaretti, nutricionista especializado em esportes de aventura e montanhista

Para planejar a melhor alimentação durante a expedição, Homero conta que é essencial considerar a logística da empresa responsável pela incursão para criar uma tática viável. “Avaliamos a estrutura, a duração geral e diária da expedição, os locais que serão percorridos, os alimentos que serão oferecidos, assim como os intervalos de tempo e o peso que a pessoa carregará na mochila para, então, montarmos o serviço de dieta direcionado para a montanha.”

Para o especialista, o bom senso é fundamental quando o assunto é alimentação em áreas remotas. “Temos que respeitar o ambiente hostil ao qual você será exposto, em que não há tanta disponibilidade e que imprevistos podem acontecer, como, por exemplo, o clima mudar de uma hora para outra e você ter que ficar mais tempo na barraca.”

Planejamento diário

A recomendação de Homero é você começar o dia com um aporte grande de carboidrato para ter energia, com uma quantidade de proteína suficiente para manter a massa muscular, e o consumo de pelo menos 500 ml de água.

Durante a atividade: o que determinará a quantidade de nutrientes que serão consumidos durante a expedição ao Aconcágua são a duração e a intensidade da caminhada. “A chegada a Plaza de Mulas, por exemplo, é considerada uma atividade leve, e não há tanta exposição à altitude, portanto o corpo estará mais tranquilo.”

Segundo Homero, os protocolos de nutrição recomendam o consumo de 20 a 90 gramas de carboidrato a cada uma hora e meia, dependendo do nível da atividade. Aqui, novamente entra o bom senso: “Temos que avaliar se é viável. Não quero que você gaste tudo o que está levando na mochila de uma vez só. Portanto, otimizamos a quantidade, dando preferência, nesse percurso mais leve, para a ingestão da quantidade mínima proposta para a manutenção da glicemia e da energia.” Além do carboidrato, é recomendada a inclusão de 3 a 4 gramas de proteína para poupar a musculatura de grandes estresses.

Em relação à hidratação, Homero afirma que os protocolos recomendam de 500 ml a 1 litro de água por hora de caminhada, o que pensando em montanha é inviável, a não ser que você atravesse vários pontos de rio e cachoeiras. “Repetimos o processo de adaptação, considerando um mínimo de 100 ml a 500 ml por hora, conforme a disponibilidade, para potencializar a absorção do alimento, sendo meio litro o ideal.”

Após o exercício: ao chegar no acampamento para descansar, a alimentação terá a função de recuperar o seu corpo de forma mais rápida, já que no dia seguinte, a rotina intensa na alta montanha continuará. O recomendado é consumir nas 4 horas após o exercício cerca de 1 grama de carboidrato por quilo corporal e de 0.4 a 0.8 gramas de proteína por quilo do corpo. Portanto, se você tem 70 kg, o ideal é consumir 70 gramas de carboidrato e pelo menos 30 gramas de proteína.

Jantar: segundo o especialista, a alimentação pode ser mais tranquila, na faixa de 40 a 50 gramas de carboidrato e de 20 a 30 gramas de proteína. A gordura presente nesses alimentos entra como complemento calórico. Homero ressalta que mesmo chegando cansado ao acampamento, você deve se alimentar, caso contrário o seu corpo não se recuperará adequadamente para os dias seguintes.

Suplementos alimentares: praticidade e energia em alta montanha

Assim como os alimentos adequados potencializam os resultados dos treinos e ajudam a ter energia durante os dias de expedição, os suplementos também agem na otimização do desempenho e na recuperação muscular. Além disso, são práticos de carregar na mochila.

O consumo de proteína em pó, por exemplo, ajuda na recuperação muscular pós-treino de força. A indicação de Victor Castello Branco, fundador da Z2 Foods, é o Recovery Mix. “Ele foi pensado para otimizar a recuperação muscular, por conter 20 gramas de proteína de alta qualidade e 10 gramas de carboidratos de rápida absorção”. Já a creatina, segundo Victor, pode aumentar a força e a potência dos músculos.

A quantidade diária de suplementos deve ser ajustada com base nas necessidades individuais e sob orientação profissional. Se você nunca utilizou a suplementação na sua dieta, o aconselhável é que faça isso pelo menos de 8 a 12 semanas antes da expedição para que o corpo se adapte a eles e maximize seus benefícios durante a preparação física. Esse período também é utilizado para treinar o intestino a receber o carboidrato durante os treinos, em forma de gel, alimentos ou bebidas.

Quais suplementos usar durante a expedição ao Aconcágua:

  • Alimentos energéticos: barras energéticas, géis e bebidas de carboidratos para manter a energia. Exemplos: Energy Gel e Power Powder.
  • Proteína para recuperação muscular e saciedade. Exemplo: Recovery Mix.
  • Eletrólitos para hidratação. Exemplo: Saltz.
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Prepare a mente para lidar com o desconforto

O frio rigoroso e a altitude são os principais desafios psicológicos enfrentados pelos participantes das expedições ao Aconcágua. Como consequências: noites mal dormidas, mudança de apetite, entre outros sintomas do mal de altitude.

Fernanda conta que chegou a enfrentar uma temperatura de -12º C dentro da barraca. “Se você está dia e noite passando frio, sem conseguir se alimentar, tudo vai trabalhar contra a sua cabeça. Muitas vezes, o psicológico conta mais do que o próprio físico em alta montanha, porque trabalhamos principalmente com resistência e cabeça. Nosso corpo consegue dar muito mais do que a gente imagina, se a gente trabalhar bem a mente.”

Aconcágua - vista do campo Cólera de dentro da barraca - Foto: Fernanda May
Campo “Plaza Cólera” (5970m) – vista de dentro da barraca. Foto: Fernanda May

Um bom treino para enfrentar as adversidades da alta atitude, segundo ela, é a exposição anterior a situações de desconforto. “Você deve aprender a trabalhar a sua cabeça, fazendo atividades de forma desconfortável, por longos períodos. Emendar travessias é uma sugestão que recomendo como treino. Em um percurso que você faz em dois dias ou três dias, você deve colocar uma mochila leve nas costas e fazer em um, caminhando por 13, 14, 15 horas. Não existe conforto nisso! E é justamente para trabalhar o psicológico, porque no dia do cume você estará em atividade de 12 até 18 horas sem parar. Tem que estar com a cabeça preparada para isso.” Outra dica da montanhista e médica é a realização de treinos de corrida na chuva.

Amauri Coutinho também ressalta a importância da exposição ao desconforto como forma de preparação. “Estamos acostumados a treinos mais curtos. Minha sugestão é que as pessoas alonguem esse treinamento, passando de 4 a 5 dias em situação desconfortável, porque lá você sentirá diversos tipos de mal-estar provocados pela altitude. Faltando cerca de três meses para a expedição, se você puder tirar de duas a três semanas para se colocar nessa posição, certamente chegará mais bem preparado. Você tem que vivenciar o desconforto de vários dias seguidos porque serão mais de 10 dias desafiadores. Não tem trégua!”

Outra questão levantada pelo fundador da Latitude 51 para manter a mente saudável é não se comparar com outras pessoas ao seu redor. “Chegar ao cume do Aconcágua é uma atividade competitiva. Você se depara com equipes de americanos, italianos, espanhóis e, muitas vezes, como brasileiro, é acometido pela ‘síndrome de vira-lata’, e se sente inferiorizado. O importante é seguir com determinação e atenção apenas ao grupo em que está inserido.”

A união também é ressaltada por Fernanda como parte importante da conquista ao cume. “É fundamental o grupo ter bom senso e estar bastante unido para ajudar aqueles que têm mais dificuldade.”

Habilidades técnicas necessárias para atacar o cume do Aconcágua

Além da preparação física e mental, a exposição a um ambiente hostil e remoto exige que você esteja minimamente preparado para enfrentar situações adversas, minimizando riscos de acidente e tornando a sua experiência positiva.

Como falamos, o principal desafio do ataque ao cume do Aconcágua é a altitude. As rotas mais populares, segundo Fernanda May, apesar de exigirem preparação física, não requerem grandes conhecimentos de técnicas de escalada, porém, é preciso avaliar as condições da temporada prevista para a expedição, que muda a cada ano.

Quando há predominância de neve, é necessária a utilização de crampons, por exemplo, e ter habilidades técnicas para fazer ascensão com segurança e eficiência. “O trecho da Canaleta, por exemplo, apesar de pequeno, é bastante íngreme, e quando congelado, exige o domínio dessa técnica. Quem não tem, pode ter mais dificuldades, enganchando um crampon no outro, e cair. A neve torna a experiência mais exigente.”

La Cueva - Aconcagua - Fernanda May
La Cueva (6.650m) – Aconcagua – Fernanda May

Como se mover corretamente com os crampons

As pernas devem ficar separadas, evitando que os campons enganchem entre si e na sua calça, o que aumenta o risco de queda e de machucar outras pessoas. Quanto mais íngreme o local, mais habilidade você precisará ter para andar com os ganchos nas botas.

Bruno Alvarenga esteve duas vezes na expedição ao Aconcágua, sendo que na primeira, devido a diversos fatores, não conseguiu alcançar o cume. Um deles foi a falta de habilidade com os crampons. “Enquanto eu andava, eles soltavam, o que me prejudicou bastante. Somente quando voltei para o Brasil, descobri que resolveria o problema de trava com apenas um ajuste de configuração. Comprei o equipamento para utilizar durante a expedição, mas não havia experimentado em montanhas antes. O desgaste foi enorme porque eu tive que parar diversas vezes para ajustá-lo, além de fazer força para colocá-lo, o que consumiu ainda mais minha energia na altitude.”

Antes de partir para a expedição, confira com a sua agência de viagem se ela realiza treinamento prévio com técnicas de caminhada para que a utilização dos crampons seja segura.

Como utilizar o piolet

Utilizado para a escalada no gelo, o piolet (ou piqueta) é uma ferramenta essencial usada em alpinismo e escalada em gelo. Consiste em um cabo longo, geralmente feito de metal leve ou fibra de vidro, com uma cabeça de metal que possui uma ponta afiada em um lado e uma espécie de pá ou martelo no outro. A piqueta é utilizada para proporcionar apoio e segurança em terrenos íngremes e nevados, ajudando na travessia e na escalada de encostas cobertas de gelo. Além disso, caso você escorregue, poderá cravá-lo na neve e manter-se seguro.

O modelo adequado é o de travessia, e a sua utilização exige muita técnica, por ser, assim como o crampon, um equipamento pontiagudo, que pode provocar acidentes.

Alguns cursos voltados para a montanha ensinam a utilizar o equipamento de forma eficiente e com segurança.

Equipamentos e tecnologia: o que levar à expedição ao Aconcágua

O autoconhecimento prévio assegura a efetividade na escolha dos equipamentos e o peso que você carregará nas costas. Portanto, é importante entender como o seu corpo se comporta na exposição ao frio extremo por muito tempo, antes de arrumar a mochila e partir para a expedição ao Aconcágua.

A escolha de roupas e equipamentos inadequados pode potencializar a sensação de desconforto e acarretar problemas graves de saúde, causados pela exposição prolongada ao frio rigoroso. Entre eles, casos de congelamento dos pés, dedos, mãos, nariz e orelhas, e de hipotermia, onde há a redução da temperatura corporal, chegando a menos de 35º C. Portanto, é preciso bastante atenção na hora de separar os equipamentos de uma expedição ao Aconcágua.

Preparamos um checklist com o objetivo de apresentar uma visão geral dos equipamentos necessários, apresentando alguns exemplos de itens essenciais, porém existem diversas particularidades que devem ser levadas em consideração para o sucesso da expedição. Vale destacar também a existência de uma variedade de modelos e marcas dos itens apresentados, o que não abordaremos neste artigo.

Na relação abaixo, não consideramos também os equipamentos coletivos, como barracas e equipamentos de cozinha, pois geralmente são oferecidos pelas agências que guiam as expedições.

1. Roupas em camadas

Uma das características da escalada ao Aconcágua é que enfrentamos climas e temperaturas muito distintas. Na fase da aproximação, podemos pegar temperaturas positivas de até 30ºC, enquanto que no ataque ao cume, elas podem chegar a -40ºC. Portanto, as roupas a serem usadas vão variar muito.

O mais importante para expedições em alta montanha é entender o conceito do Sistema de Camadas, independentemente do momento em que estamos usando as roupas:

1ª Camada: é tudo o que está em contato diretamente com o nosso corpo. Seu objetivo é fazer o gerenciamento de umidade. Basicamente, afastar o suor da pele. Porém, existem particularidades. Em climas quentes, o objetivo é fazer com que o suor evapore rapidamente, carregando consigo o calor. Desaa forma, a primeira camada para climas quentes deve maximizar a perda de calor por evaporação. Porém, em climas frios, o tecido deve permitir, além do gerenciamento da umidade, a retenção de calor. Nesse caso, ele vai minimizar a perda de calor por condução. Se nossa pele ficar molhada, perdemos o calor através da água.

2ª Camada: seu objetivo é fazer o gerenciamento térmico. Basicamente, reter o calor gerado por nosso corpo. Para isso, em linhas gerais, temos as jaquetas de fleece ou jaquetas com enchimento (sintético ou natural – plumas de ganso ou lã de merino). Na aproximação, um fleece pode ser suficiente, mas para o cume, uma jaqueta de pluma é fundamental. A pluma é mais eficiente e mais compactável do que os enchimentos sintéticos, por isso, geralmente é escolhida. Mas existem diferentes qualidades de pluma, e isso deve ser levado em consideração.

3ª Camada: a última camada tem por objetivo nos isolar dos elementos naturais, como chuva, vento e neve. Em climas secos, como é o caso do Aconcágua, são mais usadas como proteção contra o vento.

O mesmo sistema de camadas deve ser aplicado para proteger as pernas do frio.

2. Calçados

Para não passar aperto, são recomendadas botas confortáveis que devem ser utilizadas anteriormente para amaciar. Uma dica de Fernanda é comprar um número acima do usual, já que devido ao frio você utilizará meias mais grossas. “Quanto mais apertados os seus pés estiverem, menor a circulação de sangue, o que os deixam mais frios.”

As botas duplas também são recomendadas, mas a aquisição do calçado requer um investimento bem alto. É possível, portanto, alugar o par, principalmente se você estiver iniciando sua experiência em altas montanhas. A marca recomendada por Fernanda é a La Sportiva, que garante conforto e segurança.

Dica: na hora de alugar ou comprar qualquer modelo de botas, o ideal, além de experimentá-las, é subir alguns degraus para assegurar que ela não está nem apertada, nem larga demais, evitando que os calcanhares fiquem subindo e descendo durante as horas de caminhada, o que pode causar bolhas e até provocar acidentes. O teste prévio com as botas deve avaliar também se alguma parte dos pés está desconfortável. Desaa forma, você conseguirá evitar lesões com pequenos curativos de proteção.

Amauri relembra que investiu em equipamentos de ponta para a expedição ao Aconcágua, mas pegou emprestada as botas duplas de um amigo, o que lhe causou desconforto durante a caminhada devido à falta de uma experiência longa com os calçados.

3. Acessórios

Luvas e meias: durante a expedição, é fundamental manter os pés e as mãos aquecidos. As luvas miton são bastante usadas em alta montanha.

Óculos escuros e goggles: os óculos devem ser fechados para proteger os olhos do reflexo do sol e da claridade, que podem provocar perda de visão temporária causada pela luminosidade intensa nos olhos. Os goggles são recomendados para ocasiões de nevascas e ventos excessivos.

Bandanas e bonés: indicados não somente para aquecer o pescoço, mas para colocar na frente do rosto para protegê-lo do frio e do ar seco. Acostumada a fazer o cume de altas montanhas, Fernanda utiliza, inclusive, as bandanas na função de balaclavas para umedecer a respiração sem que fique muito colada ao rosto, e nas mãos para auxiliar com a coriza, comum durante a expedição, sem ferir o nariz.

4. Equipamentos

Bastões de caminhada, crampons e piolets: os bastões de caminhada são grandes aliados em longas expedições para poupar energia, distribuindo o peso da mochila entre os membros inferiores e superiores. Já os crampons são indicados para andar em gelo duro, e os piolets, indicados para subidas íngremes quando há neve ou gelo.

Capacetes: o uso de capacete de escalada é obrigatório para atravessar trechos com perigo de rolamento de pedras.

A importância de escolher um Sistema de Dormir adequado para escalar o Aconcágua

Escalar o Aconcágua, a montanha mais alta fora da Ásia, é um desafio extremo que exige preparação meticulosa e equipamentos adequados. Uma das partes mais críticas da preparação é a escolha do vestuário e do sistema de dormir. Devido às condições ambientais severas, como temperaturas extremamente baixas e ventos fortes, garantir um sono seguro e confortável é essencial para o sucesso e a segurança na expedição.

Saco de Dormir para Temperaturas Extremas

Um saco de dormir adequado para temperaturas extremas, como o Alpine, da Sea to Summit, é fundamental. O Aconcágua é conhecido por suas temperaturas que podem facilmente cair abaixo de -20°C durante a noite. O Alpine oferece isolamento superior, mantendo o corpo aquecido mesmo nas condições mais adversas. Sua construção utiliza materiais de alta qualidade, como o enchimento com plumas de ganso 850+, que proporciona excelente retenção de calor sem adicionar peso excessivo à mochila. Além disso, a forma e o design do saco de dormir são otimizados para minimizar a perda de calor e maximizar o conforto, garantindo que você possa descansar adequadamente entre as sessões de trekking. O modelo tem temperatura de conforto de -19º C e temperatura limite de -29º C.

Saco de dormir Alpine Sea to Summit

Isolantes térmicos

Além do saco de dormir de alta performance, o uso de isolantes térmicos adequados é igualmente importante. A combinação de um modelo compatível, como o Odin da Azteq, com um isolante inflável de alto desempenho, como o Ether Lite XT Extreme da Sea to Summit, é uma excelente escolha para garantir isolamento térmico eficaz.

Isolante térmico Odin, da Azteq

O isolante Odin, da Azteq, é projetado para estar abaixo do isolante inflável, fornecendo uma camada adicional de proteção contra o frio do solo. Feito de espuma de célula fechada, o Odin é leve, durável e eficaz na prevenção da perda de calor. Essa camada adicional de isolamento é crucial para impedir que o frio do solo penetre pelo isolante inflável, mantendo uma barreira eficaz entre o corpo e a superfície gelada. Além disso, esse tipo de isolante evita perfurações e danos no isolante inflável durante a expedição.

Isolante térmico Azteq Odin

Isolante inflável Ether Lite XT Extreme, da Sea to Summit

O Ether Lite XT Extreme, da Sea to Summit, é um isolante inflável com um valor R de 6,2, o que indica sua capacidade superior de isolamento térmico. Com uma construção robusta e materiais de alta qualidade, oferece excelente conforto e proteção. Sua espessura e estrutura garantem que o calor do corpo seja retido e distribuído de maneira uniforme.

Isolante térmico inflável Ether Lite XT Extreme  Insulated Sea to Summit

Conclusão

Escolher o sistema de dormir correto é vital para enfrentar as condições desafiadoras do Aconcágua. Um saco de dormir para temperaturas extremas como o Alpine, da Sea to Summit, combinado com um sistema de isolantes térmicos como o Odin, da Azteq, e o Ether Lite XT Extreme da Sea to Summit, oferece a proteção e o conforto necessários para garantir um descanso adequado. Um sono reparador não só mantém os níveis de energia e moral elevados, como também é crucial para a aclimatação e a capacidade de tomar decisões seguras em um ambiente hostil. Investir em um sistema de dormir de alta qualidade é investir no sucesso e na segurança da sua expedição ao Aconcágua.

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Mochilas

Durante a expedição ao Aconcágua, você precisará de duas mochilas: uma cargueira robusta para o transporte de equipamentos durante a ascensão e uma mochila menor e mais leve para o ataque ao cume.

A escolha do modelo ideal deve levar em consideração o conforto para não prejudicar os ombros durante os dias de caminhada, com costados, alças e barrigueiras acolchoadas. Fernanda recomenda uma mochila de 50 litros, se você não for carregar seus próprios equipamentos. Caso contrário, a sugestão é de 70 litros. A montanhista lembra que as mochilas servem, ainda, para proteger as costas do frio.

Mochila cargueira: Deuter Aircontact X 70+15

Para transportar todos os equipamentos necessários até os acampamentos base, a escolha de uma mochila cargueira é fundamental. A Deuter Aircontact X 70+15 (ou volumes similares, de acordo com o equipamento de cada um) é uma excelente opção, oferecendo robustez e capacidade suficientes para a expedição. Com um volume total expansível de 70+15 litros, a mochila é capaz de acomodar todo o equipamento necessário, desde roupas extras até utensílios pessoais de cozinha e itens de segurança.

Mochila cargueira Deuter Aircontact X 70+15

Capacidade de Carga e Conforto

A Deuter Aircontact X 70+15 é projetada para suportar cargas de até 30 kg, garantindo excelente distribuição de peso e conforto durante longas caminhadas. Embora um participante de expedição normalmente não carregue tanto peso, a capacidade extra oferece uma margem de segurança importante. O sistema de transferência de carga da mochila (alças, costado e barrigueira) proporciona ajuste confortável e reduz a pressão sobre os ombros e a coluna, permitindo uma caminhada mais eficiente e menos cansativa.

Durabilidade e resistência

A robustez da Deuter Aircontact X 70+15 é outro fator crucial. Fabricada com materiais de alta qualidade e resistência, a mochila é capaz de suportar as condições adversas da montanha, incluindo temperaturas extremas, umidade e abrasão. Sua durabilidade evita que falhas aconteçam em momentos críticos, proporcionando confiança e segurança ao escalador.

Mochila para o ataque ao cume: Deuter Gravity Expedition 45+

Durante o ataque ao cume, é essencial utilizar uma mochila menor e mais leve, que permita maior agilidade e eficiência. A Deuter Gravity Expedition 45+ é ideal para essa fase da escalada, oferecendo equilíbrio perfeito entre leveza e capacidade.

Mochila Deuter Gravity Expedition 45+

Leveza e versatilidade

Com volume de 45+ litros, a Deuter Gravity Expedition 45+ é suficientemente espaçosa para acomodar vestuário extra, alimentos, água e outros itens essenciais para o ataque ao cume, sem adicionar peso desnecessário. Sua construção leve permite que o escalador se mova com maior liberdade e rapidez, fatores cruciais durante a ascensão final.

Design funcional e conforto

A mochila é equipada com design ergonômico que assegura conforto, mesmo em condições extremas. As alças acolchoadas e o sistema de ventilação mantêm o escalador confortável e seco, enquanto os compartimentos bem organizados facilitam o acesso rápido aos itens necessários. Além disso, a robustez da Deuter Gravity Expedition 45+ garante que ela possa suportar as exigências do terreno rochoso e das intempéries.

Conclusão

Escolher as mochilas corretas para escalar o Aconcágua é vital para a segurança e o sucesso da expedição. A combinação de uma mochila cargueira robusta como a Deuter Aircontact X 70+15 e uma mochila leve para o ataque ao cume, como a Deuter Gravity Expedition 45+, proporciona a versatilidade, o conforto e a durabilidade necessários para enfrentar os desafios da montanha. Com essas mochilas, os escaladores podem se concentrar na ascensão, confiantes de que seu equipamento está seguro e acessível em todas as fases da expedição.

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5. Tecnologia

Estar em um ambiente hostil característico das expedições em alta montanha nos torna muito mais vulneráveis. Portanto, investir em segurança é um fator obrigatório. Em locais como o Aconcágua, a localização é feita via satélite. As vias em montanhas bastante frequentadas, como o Aconcágua, costumam ser bastante desenhadas, o que torna mais difícil a pessoa se perder, mas a localização via satélite é um ótimo recurso caso você precise de um resgate, além de possibilitar a comunicação com os amigos e familiares, mesmo estando em uma área remota.

5 funcionalidades do SPOT Gen4

Modo de rastreamento: o equipamento envia, via satélite, sua localização a cada 10 minutos (você pode selecionar o tempo desejado). Por meio do link com o mapa de visão compartilhada, as pessoas te acompanham em tempo real.

Mensagem pré-definida: permite a criação de mensagens e o cadastro de contatos que recebem, além da mensagem, a sua localização exata.

Check-in: para os momentos de término do percurso do dia, você pode criar outra mensagem e enviar ao chegar no acampamento.

Mensagem de ajuda: você consegue alertar os seus contatos pessoais caso precise de ajuda. O recurso é indicado em situações que não envolvem risco de vida.

SOS: ao apertar um botão, a FocusPoint International, Inc. fornece coordenação e monitoramento de resgate de emergência por meio de seus centros dedicados à coordenação de busca e resgate. O botão SOS deve ser acionado apenas nos casos de emergências.

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SPOT GEN4

6. Kit primeiros socorros

  • Itens básicos para qualquer atividade na natureza: medicamentos de uso comum, como analgésicos, antiflamatório, antialérgico e materiais para curativos e talas para imobilização, em caso de torções.
  • Itens voltados para alta montanha, como o Aconcágua: o kit deve ser reforçado, considerando a falta de estrutura, a altitude e a exposição ao frio intenso, que podem provocar desde dores de cabeça, sinusite, perda do apetite e náuseas, considerados sintomas mais comuns, até edema pulmonar e cerebral, caso você não esteja bem equipado e preparado. O ideal é que você receba orientação médica adequada para levar medicamentos voltados para sanar os males da altitude. Fernanda May recomenda que seus pacientes levem, além dos itens citados acima, corticoide para reações alérgicas e eventuais problemas causados pela altitude.

Outra dica da médica do esporte é levar soro fisiológico convencional ou em spray para proteger a mucosa nasal e os lábios do ar extremamente frio e seco.

Sustentabilidade no Aconcágua

Atualmente, durante o verão, mais de 5.000 pessoas chegam ao sul de Mendoza para visitar o Aconcágua, um número importante para o turismo na cidade, que alimenta guias de montanha, carregadores, líderes de acampamento, tropeiros e outros prestadores de serviços específicos.

A fomentação da comunidade local e a preservação dos recursos naturais asseguram que o Aconcágua continuará a ser acessível para os praticantes de atividades na natureza. Por isso, são considerados dois fatores que você deve observar quando visitar o destino.

Confira algumas dicas para ter uma experiência positiva e beneficiar o entorno:

1. Pratique os princípios de Leave no Trace

Listamos dois dos sete princípios de Leave no Trace (não deixe rastro) para você aplicar durante a sua expedição ao Aconcágua:

Descarte seu lixo corretamente
Durante as experiências em alta montanha, o acesso a banheiros e a lixeiras é limitado ou até mesmo inexistente. No caso da expedição ao Aconcágua, o lixo deve ser depositado nos contentores destinados a esse fim, localizados nos acampamentos base e altos.

As agências são responsáveis por recolher todos os resíduos e levá-los montanha abaixo. Para que dê tudo certo e o meio ambiente seja preservado, basta seguir corretamente as instruções dos guias.

O mesmo procedimento é realizado com os dejetos. Em Plaza de Mulas, há tonéis que servem como vaso sanitário para fezes, e que são recolhidos por helicópteros de tempos em tempos. Ao subir a montanha, as agências se responsabilizam pelos dejetos.

Respeite os animais

Diariamente, é possível avistar mulas circulando pela manhã e até o início da tarde por um caminho que tem início na entrada do parque, passando por Confluência e Plaza de Mulas. A função dos animais é transportar mantimentos e equipamentos de montanhistas. As dicas são manter certa distância e não alimentá-las, deixando-as livres em seu habitat.

Mulas e arrieiros - Aconcágua - Foto: Bruno Alvarenga
Foto: Bruno Alvarenga

Opte por empresas responsáveis ambiental e socialmente

Para minimizar o impacto ambiental de sua operação, a Grajales Expedition possui painéis solares em todos os seus acampamentos base, que fornecem energia limpa, evitando o uso de geradores a diesel.

Além disso, desde 2004, a empresa separa os resíduos gerados durante as expedições ao Aconcágua para reciclagem. Ao fazer isso, não apenas respeita o meio ambiente, como apoia uma cooperativa local de Mendoza chamada “Los Triunfadores”.

Formada por 9 mulheres e um homem, a empresa separa atualmente mais de 30 tipos de resíduos, como papel, papelão, metais, latas para reciclagem, e mantém um espaço voltado ao cuidado e ensino de crianças, onde elas podem ficar após a escola e receber auxílio no dever de casa, por exemplo.

A Grajales também foi a primeira empresa a doar 1% da sua receita para a ONG “1% for the Planet“, que investe em projetos de conservação ambiental.

Acampamento Aconcágua - Grajales Expeditions - Foto: Bruno Alvarenga
Barracas da Grajales Expeditions – Foto: Bruno Alvarenga

Como escolher uma agência para a sua expedição ao Aconcágua

Todas as variáveis que envolvem o enorme desafio de chegar ao cume do Aconcágua, como a altitude, a imprevisibilidade em relação ao clima e a preparação para cada dia de caminhada exigem o acompanhamento de profissionais especializados, capazes de garantir segurança e conforto durante a expedição.

Apesar da alta oferta existente nas redes sociais e na internet, é preciso certificar-se de que a empresa opera com ética e profissionalismo, assim como fazer uma análise objetiva para conhecer seu histórico, buscar comentários e avaliações de clientes na internet e entre amigos.

A importância de estar bem acompanhado na alta montanha

Bruno Alvarenga esteve duas vezes no Aconcágua, em 2022 e em 2024, quando conseguiu chegar ao cume após uma experiência frustrada vivenciada dois anos antes, principalmente, devido à escolha de uma empresa que não atendeu suas expectativas. Ele conta que como já tinha experiência em alta montanha, optou por uma agência mais simples, que cobrava um investimento menor. Ele e um amigo participaram de uma expedição de 8 pessoas, guiada por um profissional brasileiro e outro local.

Bruno lembra que presenciou uma janela muito ruim naquela temporada. Ainda no campo base, o grupo já previa que em 4 a 5 dias as condições climáticas seriam bastante desfavoráveis. “Os ventos predominavam, mas havia também indícios de tempo fechado com neve.”

Diante desse cenário, os participantes da expedição se reuniram com os guias para decidir os próximos passos. A primeira alternativa era subir pulando de etapa, o que prejudicaria a aclimatação, para tentar aproveitar os poucos dias de boas condições que restavam. A segunda era seguir a programação normal, sem acelerar o roteiro, e esperar a previsão de dias melhores, correndo o risco de não chegar nem perto do cume. “O guia optou pela segunda e fizemos uma aclimatação no Cerro Bonete, já em frente ao Aconcágua e, naquele dia, como previsto, o tempo começou a virar.”

Aconcágua - Piedras Blancas - Foto: Bruno Alvarenga
Piedras Blancas (6.060 m) – Aconcágua. Foto: Bruno Alvarenga

Além dos ventos fortes, raios atravessaram o caminho da expedição. Um dos guias foi atingido, e teve uma queimadura de segundo grau em um dos pés. Passado o susto, o grupo voltou para o acampamento. “O tempo estava bem fechado, não tínhamos visibilidade de nada, apenas o barulho dos raios muito perto. Estávamos próximos do nosso objetivo, mas tivemos que recuar. Após atendimento médico, o guia foi orientado a encerrar a expedição.”

Pela segunda vez, o grupo se reuniu para traçar qual estratégia adotaria, já que não havia janela de tentativa de cume até a data prevista pela expedição. Bruno e mais duas pessoas do grupo decidiram ficar por conta própria e tentar outra vez o ataque ao cume, enquanto os outros decidiram voltar para Mendoza. Apesar de estarem com os equipamentos e alimentos deixados pelos guias, tiveram de assumir a responsabilidade sobre a preparação da comida e tomar outras decisões importantes sobre as quais eles não tinham total domínio. Os desgastes sequenciais e a ausência de um guia profissional inviabilizaram a chegada ao cume. “Meus amigos sempre brincam comigo dizendo que o barato acabou saindo bem caro.”

Grajales Expeditions: pioneira a obter licença para operar no Aconcágua

A Grajales Expeditions é uma das maiores empresas que realiza expedições ao Aconcágua. Parceira do Gear Tips Club, a agência opera desde 1976 e abriu caminhos para o fomento na região. A empresa foi fundada por Fernando Grajales, um desbravador andinista mendocino, responsável por perpetuar a filosofia dos montanhistas com profissionalismo e inovação. Conheça a história completa da Grajales Expeditions.

Conclusão

Atingir o emblemático cume do Aconcágua é um desafio requisitado por montanhistas do mundo todo, mas é preciso estar bem preparado para superar a altitude, o frio e a variabilidade das condições climáticas. A preparação física e mental, assim como a escolha de equipamentos e profissionais que promovem segurança durante a expedição, são fatores essenciais para você cumprir a sua meta.

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Isabelle de Paula

Isabelle de Paula é jornalista, sócia-fundadora da DePaula Comunicação. Apaixonada por ouvir e contar histórias, atua como ghostwriter, escrevendo livros e conteúdos para diversas plataformas, e assessora de imprensa, propagando narrativas e trajetórias de pessoas, marcas e empresas. Parceira do Gear Tips, assina projetos especiais e ajuda a empresa a ganhar visibilidade na mídia.

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