Em 2024, o Gear Tips, a Grajales Expeditions e a deuter promoveram uma campanha para levar dois brasileiros para uma expedição ao Aconcágua. O objetivo era atingir o cume da montanha mais emblemática e alta das Américas, com 6.961 m de altitude.
Neste artigo, os selecionados Giane Triches e Mack Willison contam como foi a experiência, desde a preparação com o apoio da equipe multidisciplinar dos parceiros do Gear Tips, os principais desafios, conquistas, sensações e o principal: o aprendizado proporcionado por essa intensa jornada.
Ela trocou o escritório pela natureza e conquistou o cume do Aconcágua
“As melhores experiências das nossas vidas vêm quando a gente ousa sair da nossa zona de conforto. Meu propósito é inspirar as pessoas a vivenciarem mais e a se desafiarem.” Essa frase de Giane Triches acaba de ganhar um respaldo ainda mais valioso: a conquista do cume do Aconcágua.
Giane se define como uma entusiasta por explorar experiências e aventuras – trilhas, montanhismo e esportes radicais. Viaja sozinha desde 2009, e começou a compartilhar suas experiências nas redes sociais, além de promover expedições com guias especializados. “Quando deixei a carreira de engenheira, tinha o sonho de viver mais o mundo e menos o escritório para inspirar as pessoas.”
Giane Trinches no Aconcagua
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Você sabia que o Gear Tips Club é a maior comunidade de praticantes de atividades ao ar livre do Brasil, com descontos e conteúdos exclusivos? Clique aqui e conheça nossos planos.Para encarar o desafio na montanha mais alta das Américas, Giane contou com uma preparação intensa com a médica do esporte e montanhista Fernanda May, o nutricionista Homero Munaretti e a preparadora física Ana Zimmer. Além disso, esteve no Monte Roraima, um mês antes.
“O Aconcágua é uma montanha emblemática e desafiadora. Eu tinha consciência de que enfrentaria desafios. Treinei, além da parte física, a minha mente para superá-los, e para que minha cabeça estivesse realmente ali, presente, em conexão com a montanha. Queria testar os meus limites e inspirar as pessoas a fazer o mesmo.”
Um passo de cada vez e inspiração para alcançar o cume do Aconcágua
Giane avalia a expedição como uma experiência transformadora. “Foram dias intensos, mas foi gostoso curtir todo o processo. Consegui vivenciar dia após dia, passo por passo. Isso foi providencial para que eu chegasse ao cume. Toda a jornada é tão importante quanto alcançá-lo. Consegui me conectar com todas as minhas emoções.”
Apesar das dores e pressões na cabeça provocadas pela altitude, Giane se sentiu segura com o apoio que recebeu. “O programa de aclimatação da Grajales é feito de uma forma eficiente, com dias de descanso necessários para, inclusive, olharmos para a montanha e pedir permissão! Além disso, fui acompanhada virtualmente pela Fernanda May.”
Outro ponto a seu favor foi a condição climática que possibilitou, inclusive, que o grupo pegasse a melhor janela da temporada e tivesse a oportunidade de avistar um cenário impressionante a praticamente 7.000 m de altitude. “Chegamos com o céu azul e conseguimos ter uma vista aberta lá de cima. Pudemos contemplá-la durante uma hora, quando observamos as nuvens chegando, e com ela a tempestade de neve. A partir daí, não enxergamos mais nada, mas como estávamos eufóricos por ter atingido o objetivo, esse cenário ajudou a enriquecer a experiência.”
Giane no cume do Aconcagua
A integração e sintonia do grupo – sete participantes e dois guias – foi fundamental para todos se sentirem motivados a alcançar um objetivo em comum: o sonhado cume do Aconcágua. “Um dos guias da Grajales, formado em PNL (Programação Neurolinguística), nos dizia desde Mendoza que o que nos levaria ao cume seria a nossa cabeça. Tínhamos conversas profundas e conseguíamos ter períodos de relaxamento em grupo.”
Em momentos de dificuldade, Giane teve a possibilidade de ser inspirada pelos outros, assim como inspirá-los. “Em uma ocasião, eu estava no meio do grupo e vi que não dava conta de acompanhar. Quando falei para a pessoa que estava atrás me passar, ela me disse: ‘vamos lá, um passo de cada vez’, e seguiu ao meu lado. Depois, tive a oportunidade de replicar esse incentivo com outro integrante. Nosso grupo era formado por espanhóis, um indiano, um australiano e uma italiana. Todos chegaram ao cume! Você não precisa ser a pessoa mais forte do mundo, mas precisa estar ao lado de pessoas que acreditam em você.”
Giane relembra que, ao alcançar o cume, o ar quase lhe faltou, um misto de cansaço e euforia. “Quando olhei a cruz e me dei conta que tinha chegado, eu tentava chorar de felicidade e o ar não vinha! Fiz uma pausa de cinco minutos para respirar. Chorei com muita emoção ao me dar conta de que eu tinha conseguido. Foi muito bonito ver o grupo se abraçar e agradecer um ao outro por ter chegado lá. Eu nunca tinha chegado tão longe, me sinto orgulhosa por ter conseguido.”
Outra fonte de inspiração que Giane recebeu para seguir firme em sua jornada veio da equipe multidisciplinar do Gear Tips: “As orientações foram fundamentais e segui à risca. Consegui ter consciência do que fazer em todos os momentos. A Fernanda estava no dia a dia comigo, me orientando e motivando com conselhos profissionais, de amiga e de montanhista experiente. Na parte física, a cada desafio, eu entendia cada recomendação dada pela Ana. As orientações e o acompanhamento do Homero para comer bastante, consumir bastante carboidrato, foram valiosas.”
Comida no prato foi o que não faltou! Um dos desafios enfrentados pelos montanhistas durante a expedição ao Aconcágua é a falta de apetite ocasionada pela altitude, mas, segundo Giane, o grupo conseguiu superá-la devido à qualidade do serviço oferecido pela Grajales. “A estrutura é maravilhosa. As comidas preparadas por um chef eram deliciosas. Tínhamos entrada, prato principal e sobremesa. Quando chegávamos das trilhas, tinha uma mesa posta de frios, frutas, pizza. A gente comia até com os olhos!”


Agora, Giane segue por aí!
Ao retornar para Mendoza após a realização de uma de suas maiores conquistas, Giane teve uma sensação bastante comum aos montanhistas. “Foram oito meses de preparação intensa e, quando a expedição acabou, eu me perguntei: e agora?”
A boa notícia para os seus seguidores e admiradores é que Giane já escolheu o destino de sua próxima aventura. Em breve, ela parte para o Nepal.
A jornada é mais importante do que chegar ao cume do Aconcágua: a experiência de Mack Willison
Mack Willison, o segundo selecionado da campanha promovida pelo Gear Tips, Grajales Expeditions e deuter, tinha o desejo de ser o primeiro acreano a conquistar o cume do Aconcágua. Guia oficial de turismo e montanhista desde 2013, Mack realiza expedições para destinos no Peru e Bolívia.
Imagem ilustrativa gerada por inteligência artificial
Sua experiência mais próxima aos cerca de 7.000 m de altitude do Aconcágua foi no vulcão inativo Parinacota, na fronteira entre o norte do Chile e a Bolívia, na região dos Andes, a 6.348 m de altitude. Além disso, já esteve em mais de 60 montanhas de 5.000 m de altitude, e 10 vezes em locais com 6.000 m, acompanhando seus clientes. “A resposta à altitude não é uma ciência exata e a adaptação pode variar de uma expedição para outra.”
Antes de embarcar para a nobre missão de representar o seu estado na montanha mais alta das Américas, Mack também recebeu o acompanhamento de Fernanda May, Homero Munaretti, e Ana Zimmer. “A prática de alimentação e preparação física direcionadas para a montanha me deu um upgrade muito grande, agregando à experiência que eu já tinha. Sempre fui muito autodidata. Ter profissionais ao meu lado fez toda a diferença.”
Todo montanhista está preparado para situações adversas e com Mack não era diferente, porém o clima desértico e mais árido em comparação com os locais que o guia costuma treinar e liderar expedições foi um dos complicadores durante a expedição: “Nunca tinha presenciado um ar tão seco penetrando no meu corpo, principalmente na parte respiratória. Os ventos estavam tranquilos, mas no terceiro dia, pegamos uma velocidade na casa dos 40 km/h.”
Único brasileiro em um grupo de seis pessoas e dois guias da Grajales, Mack sentia-se bem até o segundo dia de caminhada, porém ao andar cerca de três horas em direção à Plaza Argentina, a 4.300 m de altitude, começou a se sentir cansado e mais ofegante do que o normal para a ocasião. “Comecei a caminhar mais lentamente com um guia, enquanto os outros seguiram em frente, pensando que o processo de aclimatação estava me afetando de alguma maneira. Passei no hospital de campanha e estava tudo certo.”
Após um dia de descanso, Mack seguiu em expedição levando os equipamentos rumo a uma altitude de 5.000 m. “Fiquei na dúvida se conseguiria, mas todos me estimularam e montei uma mochila mais leve. Os guias me ajudaram a levar parte dos equipamentos e comecei a subir. Já nos 300 m iniciais, eu parei e vi que estava muito difícil continuar. Dividi ainda mais as cargas com os guias, o que de fato me ajudou, mas consegui encarar apenas mais 50 m verticais. Ali, eu senti que não dava mais e resolvi preservar o meu corpo.”
Mack estava certo. Ao chegar ao hospital de campanha, foi diagnosticado com início de edema pulmonar. “Se você não baixa a altitude, pode gerar uma situação mais drástica. Comecei o tratamento lá mesmo até iniciar o procedimento de evacuação. Eu queria voltar caminhando, mas não tinha jeito. Fui resgatado por um helicóptero e levado para um hospital mais próximo, que confirmou o diagnóstico. Minha tomada de decisão, junto com a médica do hospital de campanha, foi totalmente acertada. Se eu forçasse, até poderia chegar ao cume, mas certamente não teria descido com facilidade.”
Mack conta que recebeu todo o suporte da Grajales e do Gear Tips. Atualmente, segue uma série de exercícios específicos de respiração orientado por Ana Zimmer, além do acompanhamento de Fernanda May.
“Fiquei frustrado porque estou há 12 anos trabalhando com montanhismo. Nos últimos dois anos e meio, fiz inúmeras montanhas acima de 6.000 m. Mas é isso: você pode ter anos de experiência, mas não quer dizer que naquele ano, você vai conseguir fazer o cume do Aconcágua.”
Apesar de Mack não ter conquistado o cume da montanha mais alta das Américas, cumpriu a sua missão de representar o estado do Acre. A bandeira foi levada pelo colega indiano que o acompanhou durante a expedição e pelo restante do grupo. “A atividade na natureza promove a união entre as pessoas. Pedi para ele levar a bandeira, e todos do grupo me representaram lá em cima. A bandeira chegou, o estado do Acre chegou! Em termos de compromisso, consegui finalizar com o apoio de um grupo de montanhistas que abraçaram a causa e honraram a minha missão.”
Como um bom montanhista, Mack não pensa em desistir, e já planeja voltar ao Aconcágua em breve: “Se o meu corpo ainda estiver em condições, voltarei daqui a dois anos. Pode ser até que eu vá antes!”
O Acre agradece, e nós também!
Ficou com vontade de fazer uma expedição para o Aconcágua?
Confira a matéria completa que fizemos sobre o Aconcagua.
Neste vídeo, Maria Fernanda May e Pedro Lacaz Amaral comandam um bate-papo aprofundado sobre o Aconcágua com Ilan Zeimer e Bettina Morales, dois guias experientes da Grajales Expeditions, e o nutricionista Homero Munaretti. Confira: https://geartips.club/plus/filme_video/live-expedicao-aconcagua/
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