A KAMPA, empresa nacional no mercado desde 2002, produz redes de descanso e acessórios que acompanham os amantes da natureza em suas trilhas, no campo, na praia e em atividades de cicloturismo e montanhismo. Produzidas em poliamida (nylon), tecido respirável e de secagem rápida, suas redes têm como principal característica a praticidade de transporte: pesam menos de 500g e suportam mais de 150kg.
Conexão São Paulo, Nepal, Fortaleza, Itamonte
Alexandre Palmieri tem duas grandes paixões: viajar e compartilhar histórias com as pessoas. Dessa junção, nasceu o seu desejo de empreender. Morando em seu “farm office” na zona rural de Itamonte, Minas Gerais, ao lado de Samba, o cavalo que adotou, e com vista para o Parque do Papagaio, ele comanda a KAMPA, que lhe proporciona valores inegociáveis: flexibilidade e a oportunidade de estar na natureza.
Nascido em Piracicaba (SP), Palmieri, como é conhecido no mercado de outdoor, tinha como plano inicial se formar em administração e se tornar um executivo bem-sucedido financeiramente. Faltando um semestre para concluir a faculdade, viajou para a Austrália para aprimorar o seu inglês. Lá, conheceu um mochileiro que aguçou a sua vontade – e coragem – de se aventurar pelo Nepal. Partiu em uma expedição pela Ásia carregando na mochila uma rede feita pela avó cearense de um amigo, Dona Isolda, que despertou a curiosidade de viajantes do mundo todo.
Durante a viagem, Alexandre se deparou com uma população extremamente pobre, mas feliz, e passou por uma mudança radical de valores. Conectado com uma essência que acabara de descobrir, Palmieri retornou ao Brasil um ano depois decidido a trabalhar com algo que estivesse relacionado à viagem. Com a rede em mente, sua mentora passou a ser a própria Dona Isolda. Aos 80 anos, foi ela quem ensinou Alexandre a produzir artesanalmente redes de descanso, em uma tarde de verão de 2002, em Fortaleza.
Dona Isolda
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Seguindo a tradição, Alexandre optou por trabalhar com matéria-prima nacional, reduzindo os impactos ambientais causados pelo transporte com importação, e mão de obra local, contribuindo para a diminuição da desigualdade social. Ao seu lado desde o início dessa jornada está a costureira piracicabana Nicéia.
Juntos, eles confeccionam redes projetadas para ter vida longa e não gerar sobras de material, o que evita o desperdício e impacta diretamente na economia de água e de energia utilizadas no processo de produção. “As redes são resistentes. Esse círculo vicioso de produzir mais para vender mais não é para a KAMPA”, conta Palmieri.
Segundo Alexandre, há relatos de clientes que compraram o produto em 2004 e nunca tiveram um problema. São raros também os defeitos apontados durante os três meses de garantia oferecidos pela empresa. Quando as redes chegam ao seu ciclo final, a empresa facilita o descarte com o Programa KAMPA de Reciclagem: o cliente envia a rede usada e recebe um desconto para adquirir uma nova. O material que antes iria para o aterro é destinado para um artesão que confecciona almofadas.
A consciência ambiental também está presente nas embalagens da marca, que são desenvolvidas em papel kraft, sem uso de plástico e com reaproveitamento de caixas de papelão. “Se as empresas adotassem pequenas atitudes como essa, não deixariam de lucrar e dariam um grande passo para mudar o mundo. Mesmo que custe um pouco mais caro, eu vou fazer. Acredito que se queremos transformações, devemos começar dentro de casa.”
O que você faz para o mundo?
A KAMPA foi pensada para ser uma empresa enxuta, porém lucrativa, que permitisse a Alexandre viver o agora em conexão com a natureza: “Não quero ter uma conta cheia de dinheiro e não ter tempo.” Por isso, talvez, Alexandre não tenha a oportunidade de ser entrevistado pelo podcast que costuma ouvir, mas a sua história de vida e como empreendedor agrega um valor maior à empresa: o poder de inspirar e transformar vidas, o que ele já está fazendo.
Educar para preservar
Além de apoiar, há mais de 10 anos, ONGs como a Outward Bound e a Expedicionários da Saúde, a KAMPA participa de projetos socioambientais em Itamonte, como o curso gratuito de técnicas de mínimo impacto, em parceria com a Milla Expedições, condutora local de trekking e hiking e educadora ao ar livre.
A turma de estreia contou com dez influenciadores que impactaram mais de 150 mil pessoas, com o compartilhamento de conhecimento em suas redes sociais. A “moeda de troca” proposta a eles foi a promoção de palestras e oficinas gratuitas após a formação como instrutores. Para 2024, a ideia é levar 5 gestores de parques e 5 guias de montanha para compartilharem suas visões sobre como praticar o mínimo impacto na natureza, durante um acampamento de dois dias na montanha, com aplicação de técnicas e discussões sobre a efetividade das práticas propostas.
O objetivo de Alexandre e Milla é receber o apoio de empresas como uma forma de elas devolverem à sociedade tudo o que o meio ambiente proporciona para os seus negócios. Afinal, se áreas naturais e parques deixarem de existir, não terá mais razão para as pessoas comprarem mochilas e equipamentos outdoor. “A apostila do curso traz uma frase que me guia: ‘o incentivo para manter as áreas naturais vem de 90% da educação e somente 10% de leis e normas’. Eu e a Milla somos pequenos, mas acreditamos que esse trabalho de formiguinha possa tocar grandes empresas”, conta Alexandre, que adquiriu um terreno de 13 hectares em Itamonte para se dedicar à agrofloresta, outro legado que deixa para a região.
Gerar oportunidades para futuras gerações
Palmieri e Milla também estão juntos em um projeto social embrionário voltado aos jovens da região: uma escola de formação de guias para incentivá-los a permanecer na cidade com a família após a conclusão escolar. O objetivo é treiná-los para que façam turismo rural e de montanha. “Os jovens que se formam em Itamonte não têm perspectivas profissionais. Eles não querem mais trabalhar na roça e ajudar os pais a tirar leite, uma rotina pesada. Por isso, vão embora ou ficam por aí, sem futuro. Por outro lado, os guias que vêm de fora se apropriam das nossas enormes belezas naturais e exploram a região sem deixar nada para a cidade.”
Alexandre conta que já fez duas apresentações na escola estadual local para contar a história da KAMPA e inspirar os jovens para que sigam seus sonhos. “Depois de mostrar os 22 países que visitei de mochilão, eu apresento uma foto da nossa região e digo: ‘viajei para todos esses lugares e esse foi um dos mais bonitos. Vocês sabem onde é?’ Ninguém sabe responder! Faço isso para eles valorizarem a região em que moram, que é linda, e eles precisam conhecer.”
Recompensa coletiva
A KAMPA cresceu com o boca a boca entre condutores de atividades ao ar livre, viajantes e lojistas. Logo, suas redes se tornaram referência no mercado outdoor. “O meu prazer sempre foi ir às lojas e conversar com os vendedores, que geralmente são os próprios donos, sobre as viagens que eu fazia, além de testar os produtos com eles. Sempre fiz amizade com eles, conheci suas famílias, viajamos juntos.”
Alexandre não acumulou riquezas, mas carrega uma bagagem de histórias. Entre elas, uma em especial que ele se recorda com orgulho e emoção foi vivenciada durante uma travessia na Serra do Papagaio. “Eu estava com um grupo e paramos na sede do parque para conversar com o gestor. Então, ele me disse: ‘você, que gosta de acampar, vai adorar o que eu vou te mostrar.’ Pegou uma rede da KAMPA e pediu para que eu me deitasse. Ele não fazia ideia de que eu era o criador da marca, e mesmo assim defendia a rede como se fosse criação dele, apontando as suas qualidades. Quando, enfim, revelei para ele quem eu era, ele me abraçou e me agradeceu”, relembra. Desde então, quando Alexandre encontra alguém usando a sua rede, pergunta sem se apresentar o que acham do produto.
A concorrência com serviços de e-commerce que comercializam produtos do outro lado do mundo, muitas vezes com frete grátis, é o maior desafio não somente para a KAMPA, mas para outras marcas de equipamentos nacionais. “Diante dessa realidade, estou pensando em novas formas que causem menos impacto, sem mudar a minha essência e sem que eu caia nas mãos de grandes empresas. Não quero concorrer com as mercadorias que vêm da Ásia”, finaliza Alexandre Palmieri.
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