Localizada na Serra do Espinhaço, a Lapinha Tabuleiro está entre as travessias mais clássicas do Brasil, marcada por sua beleza cênica a travessia proporciona uma imersão nas belezas que o cerrado do Espinhaço tem a oferecer.
Um pouco sobre a Serra do Espinhaço
Antes de apresentar a travessia vou falar um pouco sobre a Serra do Espinhaço, localizada no planalto Atlântico, o Espinhaço é uma cadeia montanhosa que se estende pelo estados de Minas Gerais e Bahia, datada do período Proterozoico seus terrenos contem jazidas de ferro, manganês, bauxita e ouro, no período colonial núcleos urbanos importantes foram formados, dentre eles podemos destacar Ouro Preto, Serro, Sabará e São João Del Rei, que sob influência de raízes indígenas, africanas e europeias se misturaram deixando marcas nos costumes e manifestações culturais das comunidades locais enriquecendo a beleza e a cultura da região oferecendo condições para o desenvolvimento do ecoturismo. Com o titulo de reserva mundial da biosfera pela ONU em 27 de junho de 2005, mais da metade das espécies de animais e plantas ameaçados de extinção em Minas Gerais estão nas cadeias do Espinhaço, especialmente na Serra do Cipó, onde se encontra o maior número de espécies endêmicas da flora brasileira. Além disso considera-se que seja uma das regiões mais ricas do planeta devido sua grande diversidade biológica. A Serra do Espinhaço pode ser considerada a única cordilheira do Brasil, com cerca de 1.000 quilômetros de extensão no sentido longitudinal, a cordilheira se inicia no Quadrilátero Ferrífero em MG até o sul da Bahia. Os pontos culminantes do Espinhaço estão localizados na região da Serra do Caraça sendo o Pico do Sol com 2.072m, em um texto futuro irei detalhar mais sobre as montanhas da Serra do Caraça.
Por fim, é importante ressaltar que a Cadeia do Espinhaço é uma das regiões mais belas de Minas que se prolonga pelas terras da Bahia, atravessando os vários sertões de Guimarães Rosa. Conservar a biodiversidade de região tão ampla e tão importante em termos socioambientais e culturais é um desafio que se impõe não só a Minas Gerais – onde estão as regiões mais expressivas desse conjunto – como também a toda a sociedade brasileira. Área de elevado grau de endemismo e de vegetação peculiar que protege importantes nascentes e mananciais de água, como informado o Espinhaço tem merecido do governo mineiro atenção especial: apoio integral ao seu reconhecimento como Reserva da Biosfera pelo Programa Homem e Biosfera da organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) e a criação e implantação de 17 Unidades de Conservação de Proteção Integral – parques e reservas biológicas – bem como de 36 Unidades de Conservação de Uso Sustentável – áreas de proteção ambiental e reservas particulares de patrimônio natural. Desta forma, 27% da Reserva da Biosfera do Espinhaço se encontram protegidos, mas é preciso avançar cada vez mais no sentido de garantir a preservação do patrimônio natural e cultural da região.
Lapinha Tabuleiro e sua origens
Para servir como ponto de apoio aos tropeiros a Lapinha da Serra assim como Santana do Riacho foi criada para compor o percurso de comércio antes da exploração do diamante.
A partir do século XIX, os tropeiros trataram de interligar as áreas povoadas através do comércio, transportando cachaça, rapadura, farinha etc, em lombos de burro. Já a origem do povoado do Tabuleiro, acredita-se ter tido inicio no século XIX. No ano de 2003 emancipou-se do distrito de Itacolomi, tornando-se então distrito de Tabuleiro do Mato Dentro fazendo assim parte do Município de Conceição do Mato Dentro. O nome Tabuleiro vem das montanhas ocupadas pelo povoado que exibem platôs que se assemelham a tabuleiros. A origem do povoado é altamente ligada à procura de ouro pelos Bandeirantes.
E aí, está curtindo esse conteúdo?
Você sabia que o Gear Tips Club é a maior comunidade de praticantes de atividades ao ar livre do Brasil, com descontos e conteúdos exclusivos? Clique aqui e conheça nossos planos.As unidades de conservação onde a travessia Lapinha Tabuleiro está inserida
O trajeto da travessia está inserida nas unidades de conservação Parque Estadual Serra do Intendente (PESI) e Parque Natural Municipal do Tabuleiro (PNMT) que compõem o mosaico da Área de Proteção Morro da Pedreira (APA Morro da Pedreira).
Principais atrativos da travessia Lapinha Tabuleiro
Represa da Lapinha da Serra
Cartão postal da Lapinha, é o primeiro atrativo da travessia, sendo nas estações primavera e verão as melhores época para se apreciar e fazer atividades na represa, e o outono e inverno as estações de menor volume d’água , chegando a praticamente secar a maior parte da represa.
Pico da Lapinha e Pico do Breu
O Pico da Lapinha e o Pico do Breu são outros atrativos impossíveis de serem percebidos durante a travessia, imponentes e majestosos os dois picos são um espetáculo a parte. Ao fazer a travessia você pode optar em executar a rota tradicional que contorna os picos ou a rota que passa pelos picos, sendo a segunda opção recomendada para pessoas que já possuem uma prévia experiência em trekking com ganho de elevação.
Cachoeira do Tabuleiro, a maior de Minas Gerais
Frei Júlio era pároco no povoado do Tabuleiro. 1986 datava. Naquela época ele ganhou fama entre os fiéis por nadar cotidianamente na cachoeira grande, enfrentando quatro horas de caminhada para tal. A cachoeira grande se tornou Tabuleiro, mas por tal fato, quase se chamou Cachoeira do Frei Júlio. Esse mesmo Frei, incumbido pela igreja de conduzir reza num vilarejo próximo, traçou pelo alto da serra um caminho também utilizado por tropeiros na lida do vai e vem de mercadorias: goma, queijo, carne de sol, e mais. Falaram “é um caminho antigo”, perto de outro ainda mais antigo apelidado de estrada dos amantes (histórias para outrora), talvez uns 200 anos que ali se passa. Partiu então o padre e amigos, todos a cavalo, percorrendo essa rota: Lapinha – Tabuleiro. (relato escrito por Bernardo do Espinhaço no livro Da Lapinha a Tabuleiro de Roger Pixixo)
Cachoeira do Tabuleiro – a maior de Minas Gerais
Banhada pelo córrego do Ribeirão do Campo a Cachoeira do Tabuleiro com seus 273 metros de altura é considerada a maior de Minas Gerais e é o principal atrativo natural da travessia, podendo ser visitada tanto pela parte alta como pela parte baixa tendo como recompensa um banho em suas águas escuras e geladas, para acessar ambas partes é necessário caminhar por seus cânions saltando pedras e transpondo trechos de água, sempre encontrando no caminho poços para banho.
Comunidades da Lapinha da Serra e Tabuleiro
Se você pensa em fazer a travessia Lapinha Tabuleiro, encorajo-te a reservar mais alguns dias para conhecer as comunidades de onde se inicia e termina a travessia, tanto a Lapinha da Serra como Tabuleiro possuem muitas opções de passeios, gastronomia e cultura, além de colaborar com a distribuição de renda para os habitantes locais.
Informações técnicas sobre a travessia Lapinha Tabuleiro
– Tempo para realização: para um maior aproveitamento de tudo que a travessia pode lhe proporcionar, recomendo que execute em 3 dias, neste tempo você poderá conhecer tanto a parte alta como a parte baixa da Cachoeira do Tabuleiro, mas você pode fazer também em 2 dias e até mesmo 1 dia, sendo em 1 dia recomendável para pessoas que fazem corrida de montanha.
– Distâncias: a travessia tem uma distância total de cerca de 42km nos três dias, mas pode variar de acordo com os locais que deseja visitar e pontos de apoio que deseja pernoitar.
– Pontos de Apoio: a travessia conta atualmente com 3 pontos de apoio, sendo a casa do Sr. Chico Lage, casa do Sr. Zé D’Olinta e casa do Sr. Chico Niquinho, para pousar nos pontos é necessário que se faça contato antecipadamente para saber se há vagas, todos eles oferecem opção de pernoite em casa ou em camping, além de alimentação que pode ser encomendada a parte.
– Reserva junto ao Parque do Tabuleiro: é obrigatória a solicitação de reserva prévia ao Parque Natural Municipal do Tabuleiro, a reserva é feita de acordo com o ponto de apoio que você deseja pousar, e pode ser acessada neste link.
Este texto tem o intuito de fazer uma breve apresentação sobre onde está situada a travessia e sua história, para obter mais informações especificas sobre a travessia recomendo que busque na internet, há muitos relatos bem completos sobre como fazer a travessia!
Caso você prefira a contratação de guias locais, contribuindo com o turismo local, você pode entrar em contato com o Parque do Tabuleiro através de seu Instagram: @parquenaturaltabuleiro.
Uma outra opção é fazer a travessia com a Vara Mato, que é minha agência, temos saídas mensais para a travessia Lapinha Tabuleiro em um formato mais confortável com transporte, alimentação, seguro, guias e toda a logística por nossa conta, basta acessar nosso site e ver nossa programação: www.varamato.com.br
Gear Members têm descontos especiais nas atividades da Vara Mato
Para resgatar este benefício basta acessar a página da Vara Mato no Gear Tips Club. Além disso, membros do Club têm descontos especiais em cursos outdoor, equipamentos, lojas, eventos e acesso aos conteúdos exclusivos do Gear Tips. Você ainda não é membro do Gear Tips Club? Aproveite e faça a sua inscrição agora!
Se você chegou até aqui, deixo meu agradecimento pelo interesse em ler esse texto e espero que de alguma forma tenha sido útil e agregador para você, tenha um excelente dia e mantenha-se em movimento, aproveite as belezas que este Brasil maravilhoso tem a nos oferecer, você pode me encontrar no Instagram @luizgadetto ou em qualquer trilha por aí, até a próxima!
Fontes de pesquisa:
– Megadiversidade da Serra do Espinhaço: https://www.conservation.org/docs/default-source/brasil/megadiversidade_espinhaco.pdf
– Livro Da Lapinha a Tabuleiro, de Roger Pixixo: https://www.amazon.com.br/gp/product/B08DMBT334/ref=ppx_yo_dt_b_d_asin_title_o00?ie=UTF8&psc=1
Show de bola o post.
Caminhar com a Varamato é garantia de organização e segurança por lugares sempre muito bem escolhidos.
Parabéns ao Gadetto!
Concordo! O Gadetto é muito bom!!
Abs!