Pequeno Dicionário Filosófico de Aventura: Autossuficiência.
Começando pelos filósofos gregos clássicos — em particular os estoicos, Sêneca e Epiteto e mais tarde o imperador romano Marco Aurélio —, existe nas civilizações uma preocupação central em formular códigos pessoais de conduta ética em harmonia com a natureza. Nessas formulações, a questão da autossuficiência sempre teve papel fundamental, mas ela não existe fora do contexto natural. O ser humano só alcançará seu potencial máximo inserido no meio de onde ele surgiu. Qualquer coisa fora isso é artificial. De lá pra cá, passou muita água por baixo da ponte. Hoje, o distanciamento da natureza promovido por nossas sociedades, principal razão pra visível destruição ambiental, deixou de ser uma discussão ética e passou a ser um debate sobre a sobrevivência da vida no planeta. Nós nos distanciamos tanto dos comportamentos éticos estabelecidos pelos gregos antigos, em especial o princípio básico de respeito por todas as formas de vida, que chego a pensar que precisamos dar vários passos pra trás, precisamos voltar às nossas raízes, se quisermos realmente enxergar uma solução definitiva para a atual crise. Precisamos reestabelecer um código pessoal de conduta que gere vida e não morte, que promova regeneração e não destruição, que aponte para um norte comum de irmandade coletiva e não de culto ao individualismo. Palavras e conceitos complicados? Dá pra ilustrar com uma história... Quando eu tinha talvez 16 anos de idade e cursava o primeiro colegial, hoje o primeiro ano do ensino médio (eu tinha repetido o sétimo ano do fundamental), e estudava pela primeira vez numa escola particular, o Mackenzie, em São Paulo, matei aula de matemática pra pensar na vida. Eu repetia os passos que me levaram a bombar a sétima série e que me fariam bombar também o primeiro colegial. O problema foi que, muito cedo, aprendi que a escola atrapalhava mais do que ajudava meu aprendizado. Descobri que havia uma palestra no grande a auditório do Mackenzie e que as portas não estavam trancadas. Eu gosto de aprender, o que é diferente de estudar. Entrei pra investigar. A curiosidade sempre foi uma escolha pra mim. Sou curioso por convicção.
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