Equipamentos e tecnologia: o que levar para a peregrinação no Caminho de Santiago

Estar bem equipado para enfrentar cerca de um mês de peregrinação, considerando as variações climáticas e o terreno irregular, é essencial para garantir uma experiência mais segura durante o Caminho de Santiago.

Conversamos com especialistas e peregrinos para trazer as melhores dicas sobre os principais equipamentos. Entre eles, Pedro Lacaz Amaral, que além de fundador do Gear Tips, realiza palestras sobre equipamentos para peregrinos desde 2002, e esteve recentemente no Caminho de Santiago.

Meias e calçados: os dois principais itens para a peregrinação

Ao partir para o Caminho de Santiago, o calçado e a meia devem ser os primeiros investimentos que todo peregrino deve fazer. A dica de Ana Wanke é comprar os dois juntos. Caso você já tenha meia, leve na hora de comprar o calçado.

Pedro Lacaz Amaral ressalta que meia também é equipamento! “Não adianta ter um calçado todo tecnológico se você usar uma meia de algodão.”

Meias: como escolher o par certo

As meias devem ter uma tecnologia capaz de transportar a umidade dos seus pés para fora, ajudando a evitar bolhas. Ana sugere meias da marca Lorpen. Segundo Pedro Lacaz Amaral, alguns modelos possuem uma camada mais grossa e acolchoada nas solas dos pés que ajuda no amortecimento. “Utilizo meias da Lorpen, marca que distribuí no Brasil de 2010 até meados de 2018, principalmente em função de sua tecnologia T3”, conta Pedro.

Neste artigo, Pedro Lacaz Amaral apresenta as características e benefícios das meias Lorpen.

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Meias liner: as meias liner são bem finas e recomendadas para quem tem os pés muito sensíveis. Elas devem ser usadas em conjunto com outra meia para minimizar o atrito.

Meias com dedos: o modelo evita a formação de bolhas e machucados entre os dedos. “Escolhi usar as meias da Injinji, uma marca americana que utilizo há alguns anos, por baixo das meias Lorpen”, conta Pedro.

As meias que separam os dedos ajudaram muito a peregrina Marianna Sergio durante o caminho. “Ao ver meus pés cheios de bolhas, um peregrino me deu um par de presente. Essas meias foram essenciais para que eu conseguisse continuar a caminhada.”

Outra dica é evitar meias curtas, pois elas deixam os calcanhares expostos conforme você caminha, machucando os pés.

Meias para o Caminho de Santiago de Compostela

Calçados: o que usar nos pés para a peregrinação no Caminho de Santiago

Botas ou tênis

Independentemente se você vai fazer o Caminho de Santiago de botas ou tênis, é essencial que escolha um calçado que, assim como as meias, seja respirável.

O calçado deve ficar confortável no seu pé. Em geral, os peregrinos, assim como atletas de outras modalidades como alta montanha e trail running, devem escolher um número a mais em relação ao calçado utilizado no dia a dia. Mas atenção: além de tomar cuidado para que o calçado não fique sobrando no seu pé, certifique-se de que o calçado, principalmente as botas, laceiam. Avalie também o seu tipo de pisada.

Além disso, priorize calçados com amortecimento, que tornam a caminhada mais confortável e evitam lesões. Importante também avaliar bem as palmilhas, o solado e o cadarço. Ana orienta, inclusive, que se leve palmilhas extras durante a peregrinação.

Abaixo, Pedro Lacaz Amaral reforça questões que devem ser avaliadas:

  • A escolha entre botas ou tênis é bastante pessoal. As botas oferecem mais proteção aos tornozelos, mas tendem a ser mais pesadas, enquanto os tênis proporcionam maior liberdade de movimento e são mais leves.
  • Impermeabilidade: vale lembrar que embora a impermeabilidade impeça a entrada de água em situações de chuva leve, em casos de chuvas fortes ou travessias de rios, a água pode entrar e ficar retida nos calçados.

“Minha experiência no Caminho de Santiago foi com um tênis de Gore-Tex, uma membrana impermeável. No entanto, ao refletir posteriormente, percebi que talvez preferisse um tênis sem essa tecnologia. Como transpiro muito, meus pés estavam frequentemente úmidos, o que poderia ter causado bolhas se eu não tivesse tomado cuidado para mantê-los secos, retirando os tênis durante as paradas.”

Portanto, a impermeabilidade é um fator a considerar, mas é importante refletir sobre suas necessidades pessoais.

Papetes e chinelos

Além de descansar os pés durante as visitas às cidades e povoados depois de um longo dia de peregrinação, as papetes ajudam os peregrinos durante a caminhada quando os pés estão prejudicados. Com a unha e a cutícula de um dos dedos prejudicadas, Marianna decidiu comprar o calçado durante o caminho para utilizar por quatro dias de peregrinação. “Usei as papetes com as meias de dedinho para não ter atrito.”

Já os chinelos podem ser usados, principalmente, na hora do banho, mas Pedro ressalta que quanto mais leve for a sua mochila, melhor. “É preciso escolher o que levar com discernimento e coerência. Eu usei apenas papetes. Pensei no chinelo, em função do banho, mas acabei decidindo por elas. Apesar de não secar direito após o banho, preferi levar algo mais seguro para os pés ao caminhar pelas cidades, depois de deixar as coisas no albergue.”

Uma dica, caso você tome banho com as papetes, é fazer isso à noite e levá-las no lado externo da mochila para que sequem durante a caminhada do dia seguinte.

Vestuário para o Caminho de Santiago

Assim como utilizado em outras atividades ao ar livre nas quais as condições climáticas são imprevisíveis, o sistema de camadas facilita na organização do dia a dia, além de manter o corpo na temperatura certa durante a peregrinação.

Primeira camada: é tudo o que está em contato diretamente com o nosso corpo. Seu objetivo é fazer o gerenciamento de umidade. Em climas quentes, ela deve maximizar a perda de calor por evaporação. Porém, em climas frios, o tecido deve permitir, além do gerenciamento da umidade, a retenção de calor.

Segunda camada: seu objetivo é reter o calor gerado pelo corpo. Para isso, são recomendadas as jaquetas de fleece ou com enchimento.

Terceira camada: a última camada tem por objetivo nos isolar dos elementos naturais, como chuva, vento e neve. Geralmente, utiliza-se um anorak, uma jaqueta impermeável e respirável.

“Algumas pessoas optam por levar uma segunda pele, primeira camada para climas frios, mas eu optei por levar apenas uma camisa de manga longa com capuz para ajudar na proteção do sol. Em situações de frio, como na travessia dos Pirineus, as segunda e terceira camadas foram suficientes. Isso porque levar uma peça de roupa como a segunda pele, para usar apenas poucas vezes, não faria sentido para mim, em função do peso e volume extras”, conta Pedro.

Para proteger a parte inferior do corpo, Pedro conta que é utilizada apenas a primeira camada, geralmente uma calça-bermuda. Em caso de chuva e frio, é indicado uma calça impermeável e respirável por cima.

Lembre-se de levar também bandanas, boné e óculos escuros.

Mochila: qual o tamanho e modelo ideais

Atualmente, vemos mochilas de todos os tamanhos ao longo do Caminho de Santiago. Como muitas pessoas despacham suas malas de um albergue para outro, é comum observá-las com mochilas pequenas, de 10 a 20 litros, suficientes para transportar apenas o necessário para a caminhada.
Porém, como estamos abordando neste artigo os equipamentos para quem vai fazer o Caminho de Santiago carregando todos os itens em sua mochila, Pedro recomenda os modelos de aproximadamente 35 litros.

“Nos treinamentos que ministro desde 2002, sempre falei das mochilas Deuter Futura PRO 34 SL, para mulheres, e da Futura PRO 36, para homens. Mas isso depende muito do que você precisa levar, do seu tamanho e de suas necessidades. Eu optei por levar uma mochila maior, a Deuter Aircontact Ultra 50+5. Como tenho 1,92 m de altura, minhas roupas, saco de dormir e outros itens são mais volumosos. Poderia ter escolhido o tamanho menor deste mesmo modelo, a Deuter Aircontact Ultra 40+5, mas a diferença de peso era irrisória e ficaria mais cômodo para organizar as coisas”.

Mochila Aircontac Ultra 50+5 Deuter

Neste artigo, Pedro Lacaz Amaral traz exemplos importantes sobre as diferenças de peso e volume da mochila, considerando necessidades e diferenças individuais.

Sistema de dormir

O saco de dormir no Caminho de Santiago ou na maioria dos Multi-Day Hikes é utilizado como roupa de cama.

“Como os peregrinos dormem em albergues e até em hotéis, não é necessário o uso de um saco de dormir para temperaturas muito baixas, a não ser que você vá no inverno, o que pode mudar um pouco. Sacos de dormir como o Deuter Dream Lite e o Micron, da NTK, são mais do que suficientes. Muitas pessoas também usam apenas um liner para irem mais leves. Eu optei por um saco de dormir da Sea to Summit, o Traveller Tr 1, um modelo relativamente diferente, pois não tem capuz e abre inteiro como uma manta. Ele possui enchimento de pluma de ganso, é muito leve e versátil”, conta Pedro.

Bastão de caminhada

O modelo dobrável, também conhecido como Z-fold, é recomendado pela facilidade de transporte na mochila durante a caminhada. Mas, independentemente do modelo, não deixe de levar um par de bastões!

Lanterna

Pedro recomenda as lanternas de cabeça que ocupam menos espaço e deixam as mãos livres durante a caminhada. O modelo utilizado por ele foi o Spot R 400 Black Diamond. “Uma das características importantes é que a lanterna tenha um LED vermelho.”

Neste vídeo, Pedro Lacaz Amaral traz cinco dicas valiosas sobre equipamentos para peregrinos. Entre elas, o uso da lanterna de cabeça.

Kit básico para cuidar dos pés e da pele

  • “Kit bolha”: Ana Wanke recomenda que os peregrinos levem álcool, gel de Benjoim para secar bolhas, antisséptico, agulhas descartáveis, compressas não aderentes, tesoura, kinesio tape ou bandagem elástica e curativos hidrocolóides.
  • Cremes hidratantes e lubrificantes para evitar bolhas nos pés. Pedro utilizou o creme NOK, da Akileine, e conta a sua experiência neste artigo.
  • Lysoform ou spray anti-odores para evitar o mau cheiro nas botas ou tênis.

Não esqueça de colocar protetor solar e labial na mochila para proteger a pele durante a peregrinação.

Tecnologia

Rastreador pessoal ou GPS: apesar do Caminho Francês ser bem sinalizado, Pedro recomenda a utilização do SPOT Gen4. “Durante a peregrinação, me desconectei do ‘mundo exterior’. Minha única comunicação com famílias e amigos para que soubessem onde eu estava e, consequentemente, que eu estava bem, foi por meio do equipamento SPOT Gen4, um rastreador pessoal via satélite.

Mapa do caminho Francês de Santiago de Compostela no SPOT

Abaixo, Pedro conta as três funcionalidades utilizadas durante o Caminho de Santiago:

  • Modo de rastreamento: o equipamento mandava, via satélite, minha localização a cada 10 minutos (você pode selecionar o tempo desejado). Por meio do link com o mapa de visão compartilhada, as pessoas me acompanharam em tempo real.
  • Mensagem pré-definida: criei a mensagem “Bom dia! Vou iniciar mais um dia de caminhada!” e cadastrei dez contatos (email e SMS) que recebiam, além da mensagem, a minha localização exata.
  • Check-in: para os momentos de término do percurso do dia, criei a mensagem “Cheguei ao meu destino do dia!”, que eu liberava quando chegava na cidade em que dormiria.

Reunimos aqui, uma dica de artigo e um curso gratuito da SPOT para você entender como funcionam os rastreadores: tudo sobre os rastreadores SPOT e Curso gratuito sobre o SPOT no Gear Tips Academy.

Confira os parceiros que participaram da matéria e os descontos exclusivos para membros do Gear Tips Club:

  • Ana Wanke
  • Deuter
  • SPOT Brasil
  • NTK
  • Sea to Summit
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    Isabelle de Paula

    Isabelle de Paula é jornalista, sócia-fundadora da DePaula Comunicação. Apaixonada por ouvir e contar histórias, atua como ghostwriter, escrevendo livros e conteúdos para diversas plataformas, e assessora de imprensa, propagando narrativas e trajetórias de pessoas, marcas e empresas. Parceira do Gear Tips, assina projetos especiais e ajuda a empresa a ganhar visibilidade na mídia.

    Artigos: 17

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