Pequeno Dicionário Filosófico de Aventura: Mato
No Brasil quando alguém diz "mato" está se referindo à natureza sem valor, sem utilidade, sem importância. É como se a vegetação que não pode ser comida ou comercializada não valesse nada. Por isso, durante séculos, grandes áreas naturais como a Floresta Amazônica, Cerrado, Pantanal, Mata Atlântica e Caatinga, foram vistas e tratadas como obstáculos ao nosso desenvolvimento. Pedras no caminho. Uma cultura que, infelizmente, não superamos. Mato. Foto: Taísa Maar Nós tivemos no Brasil vários ciclos agrícolas. Momentos históricos em que nossa economia, sempre de vocação extrativista e de monocultura, fica totalmente monotemática e acaba em falência. Ciclo da borracha, ciclo do cacau, ciclo do açúcar, ciclo do café e o atual ciclo da soja e do gado. Todos exemplos de retumbantes fracassos, porque, como se dizia antigamente "não se deve colocar todos os ovos numa única cesta"... A cesta cai e vão-se os ovos! "Mato" tem conotação pejorativa. O que significa dizer que a própria natureza intocada é negativa. O que implica ainda em dizer que quem vive no mato é inferior, é inculto, é ignorante, não vale nada. Por isso nunca tivemos, até hoje, política indígena que fosse realmente respeitosa e inclusiva. Indígenas são aqueles que vivem no "mato". Mas foi exatamente no "mato" que tive algumas das experiências mais reveladoras e transformadoras da vida! Como um dos primeiros acampamentos selvagens e autossuficientes que fiz, quando tinha 16 anos de idade, nos idos de 1978... Outros tempos.
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