Principal rota de peregrinação do país, Caminho da Fé completa 20 anos em 2023.

Cada vez mais procurado por ciclistas, roteiro que cruza São Paulo e Minas permite conhecer melhor nosso país e se preparar para Santiago de Compostela. Após concluir seu segundo Caminho de Santiago de Compostela, em 2003, o paulista Almiro Grings voltou para o Brasil com a ideia de criar algo semelhante por aqui, tendo como destino final o Santuário Nacional de Aparecida, em São Paulo. Ele e os amigos Clóvis Tavares e Iracema Tamashiro, apoiados ainda por outros voluntários, deram início aos primeiros contatos com prefeituras e paróquias das cidades por onde passaria a rota. Com ajuda de um mapa e partindo de Águas da Prata (SP), foi idealizado um roteiro que seguisse através de estradas vicinais, trilhas, povoados, bosques e alguns pontos por asfalto, somente onde não fosse possível fugir do trânsito. O caminho teve excelente receptividade e, 20 anos depois, já são 18 ramais que se conectam em algum momento, boa parte em Águas da Prata, e levam o peregrino até a catedral em homenagem à padroeira do nosso país. E, cada vez mais, muitos bicigrinos também. Hoje a rota é uma das mais cobiçadas por quem sonha com uma cicloviagem ou se desafiar nas difíceis ladeiras presentes em todas as etapas. Além de permitir conhecer um Brasil que vive um ritmo diferente dos grandes centros, mais devagar e mais receptivo, o Caminho da Fé é uma excelente opção para quem estiver sonhando com Santiago. Mas, já alerto, a nossa rota de peregrinação – e bicigrinação – é muito mais difícil do que qualquer trajeto europeu que conduza até o templo em prol do apóstolo Tiago Maior. Flores do Ipê amarelo na fazenda Pratinha A beleza das flores do ipê amarelo na fazenda Pratinha A inspiração na milenar rota fez com que, naturalmente, muitas ideias trabalhadas por lá fossem aplicadas por aqui. A principal delas, o sistema de sinalização com setas amarelas em postes, esquinas, vias públicas e locais onde o viajante possa ter dúvida. Ou seja, se trata de um roteiro autoguiado e muito bem sinalizado, havendo ainda placas em pontos onde não há estrutura para a pintura das setas e outras indicando quantos quilômetros faltam para conclusão da jornada. Outra semelhança é a utilização de uma credencial onde a pessoa vai captando carimbos em estabelecimentos comerciais e pousadas e, na Basílica, comprovada a peregrinação, recebe um certificado de conclusão. Assim como em Santiago, há um mínimo a percorrer. No CF, são pelo menos 120 quilômetros, os últimos, portanto devendo o viajante sair pelo menos da cidade de Paraisópolis (MG).
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Marcello Medeiros

Coluna: Cicloturismo
Desde muito menino a bicicleta está presente na minha vida. Aprendi a andar em uma espécie de Caloi Cross montada com peças de diversos modelos e anos depois, quando recebi meu primeiro salário, não hesitei em investir em uma mountain bike básica dos anos 90. E essa simples bicicleta rendeu minhas primeiras aventuras e experiências de liberdade pelas estradas da região. Na fase adulta fiquei alguns anos longe das duas rodas por culpa de uma nova paixão – as montanhas. Mas quando a vida ficou cinza e parecia sem sentido, dona magrela me ajudou a reencontrar a liberdade. Me redescobri e percebi que nunca deveria ter deixado de pedalar. Vieram em seguida as cicloviagens e a certeza que o mundo fica muito menor quando se escolhe vivencia-lo da maneira mais simples e prática possível. Fui Presidente do Centro Excursionista Teresopolitano (CET) entre 2007 e 2013, clube que me permitiu conhecer a essência do montanhismo e aplica-la na vida diária e em outras atividades, como no ciclismo. Editor e Repórter do jornal O Diário de Teresópolis, passei a registrar com o máximo de precisão possível cada caminho desbravado em duas rodas, caminhando ou escalando, para tentar fazer com que outras pessoas compreendam a preciosidade e importância disso tudo e, mais do que isso, de buscar o autoconhecimento e enriquecimento pessoal em cada momento vivido naquilo que lhe dá prazer. Para cima, sempre!

Artigos: 4
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