Quando comecei a escalada técnica em rocha, eu já fazia montanhismo há pelo menos uns quatro anos.
Naquele período percorri as trilhas mais clássicas da Serra do Mar do Paraná, o que também incluía longas subidas por dentro de rios da Serra, cobertos por seixos rolados, sobre os quais corríamos alucinados, em uma inocente (e perigosa) brincadeira de meninos. Mas, na medida em que subíamos correnteza acima, os seixos iam ficando maiores e maiores, até que o leito do rio e as margens a sua volta se tornavam instransponíveis.
Os seixos tinham se transformado em lajes e paredões e o rio em cachoeiras, pelas quais não conseguíamos passar. Hoje posso imaginar que na época eu deva ter pensado: “… a não ser que eu os escale!”
Foto: Arquivo Pessoal – Tiaraju Fialho
Outras vezes, na mesma Serra do Mar, percorrendo a famosa trilha Noroeste no Parque Estadual do Marumbi, a visão das imensas paredes (hoje eu sei que são menos que imensas, mas na época…) da Esfinge, Ponta do Tigre e Torre dos Sinos impulsionavam minha imaginação. Eu já sabia naquele tempo, que alguns montanhistas de Curitiba escalavam aquelas paredes. A partir daí eu comecei também a querer escalar.
Ao incluir a escalada no meu repertório de montanhista, a maior transformação que aconteceu foi constatar que não haveriam mais caminhos sem saída, e também a forma como eu passei a olhar uma face de montanha mudou para sempre.
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Você sabia que o Gear Tips Club é a maior comunidade de praticantes de atividades ao ar livre do Brasil, com descontos e conteúdos exclusivos? Clique aqui e conheça nossos planos.A escalada em rocha, assim como o trekking e o trânsito em glaciar, é uma das muitas disciplinas que abarcam o Montanhismo, e que incluem ainda, por exemplo, a Orientação e Navegação, Esqui de Travessia, Escalada em Gelo, Escalada em Terreno Misto e Auto Resgate em Ambiente Vertical.
É evidente por tanto, que ter conhecimento e praticar os conteúdos básicos da escalada em rocha, tanto os aspectos de segurança e manuseio de corda e confecção de nós, quanto àqueles relacionados à movimentação de pés e mãos em terreno rochoso e inclinado, tornaram as minhas saídas à montanha, e tornarão as suas também, muito mais seguras, eficientes e divertidas, pois haverá mais opões de caminho e mais segurança e técnica nos trechos com exposição de altura.
Foto: Tiaraju Fialho
No Brasil a partir dos anos 90 (na Europa e EUA no início dos anos 80), a escalada em rocha foi se tornando mais popular, porém ainda bem pouco conhecida do público em geral. Como todas as áreas humanas, a internet também revolucionou a escalada, viabilizando a divulgação em massa, patrocinadores, competições, criando assim uma atividade economicamente rentável para a indústria e o comércio e a partir daí veio a popularização que atualmente vivemos.
Um outro desdobramento da popularização da escalada em rocha, é o fato que atualmente existem muitos escaladores que não são montanhistas. Porque de fato hoje não é preciso ser montanhista para praticar a escalada em rocha. E isso também é muito legal, pois acabou transformando a Escalada em Rocha, de uma disciplina do Montanhismo, em um esporte em si, que inclusive teve sua estreia como Esporte Olímpico, em 2020 no Japão.
Os atrativos da prática da escalada são muitos. E eu diria que o primeiro é o contato com a natureza. Não é pouco o que ganhamos em termos de qualidade de vida quando estamos próximos e nos relacionamos com os ambientes naturais. Isso está comprovado pela ciência em todo o mundo.
Como atividade física motora, a escalada é recomendada para quem deseja praticar um esporte que exige força, equilíbrio, resistência, flexibilidade e concentração, misturada a doses naturais de adrenalina.
Além desses aspectos ligados ao corpo físico, a escalada contribui também no aumento da confiança para a tomada de decisões, diminuindo o estresse e a ansiedade e aumentando nossa concentração em tarefas rotineiras do dia a dia. Alguns de vocês podem agora estar se perguntando: será que não estou muito “velho” para começar? Tolice. Não existe idade mínima ou máxima para começar. Eu considero que a única restrição seria de ordem médica, relacionada a limitações nas articulações ou doenças crônicas limitantes de esforço cardiorrespiratório e distúrbios mentais.
Foto: Fabio Matuzawa
Não havendo estas limitações, eu entendo que o primeiro passo é QUERER e o segundo começar pelo caminho certo, o que significa dizer, valorizando o conhecimento formal, ofertado na forma de cursos, oficinas e workshops por especialistas capacitados para o ensino. Isso ajudará você a evitar acidentes comuns na fase do aprendizado e sua evolução será mais rápida e duradoura.
A gente se vê na Montanha.
Abraços, Tiaraju Fialho.
Montanhista e Instrutor Responsável pela Capim Amarelo – Escola de Montanhismo e Escalada
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